Algumas cidades são admiradas universalmente, atraem investimentos e visitantes de alto valor, captam e retêm talentos de primeira linha e geram nos seus cidadãos um saudável orgulho de pertença.

Até recentemente, apenas grandes capitais podiam fazer parte desse seleto grupo de cidades. No entanto, graças às mudanças tecnológicas e às novas tendências sociais e económicas, hoje é possível que cidades de menor dimensão, mas com grandes capacidades, concorram com as capitais mencionadas. Barcelona aspira tornar-se uma referência para esta nova geração de cidades, da qual Lisboa também faz parte, entre outras cidades portuguesas.

Reconhecida internacionalmente desde os Jogos Olímpicos de 1992, Barcelona seguiu um modelo de transformação urbana que muitas cidades admiraram. No entanto, a sua história estava ancorada na realidade pós-olímpica e a sua projeção era frequentemente parcial, mais ligada à sua atração turística do que aos seus outros pontos fortes. Por isso, foi necessário atualizar o posicionamento e a narrativa da cidade e também estabelecer algumas bases que lhe permitiram projetar-se melhor e de maneira mais consistente em toda as áreas.

Mas definir a estratégia de marca de uma cidade é uma tarefa muito mais complexa do que no caso de um produto ou empresa. Como as cidades são constituídas por um grande número de fatores (histórico, geográfico, económico, cultural etc.), é quase impossível sintetizar tudo isso numa mensagem simples. Mas também sabemos que as cidades capazes de o fazerem, têm uma enorme vantagem competitiva.

O processo que Barcelona seguiu para renovar o seu posicionamento é uma boa referência, pois conseguiu envolver de maneira ativa os múltiplos públicos de interesse, tanto no âmbito local, como no âmbito internacional. Isto foi conseguido através de um processo participativo que permitiu não apenas reunir as diferentes visões da cidade, mas também definir uma nova estratégia e uma nova narrativa, num genuíno processo de cocriação.

Os resultados do projeto de branding de cidade para Barcelona foram apresentados no início deste ano e alcançaram um consenso incomum, que é um ótimo ponto de partida. Agora, Barcelona deve promover e coordenar vários projetos e ações que tornem tangível o novo posicionamento da cidade, o que exigirá ainda mais proximidade entre todos os agentes envolvidos.

Portugal como país e algumas das suas principais cidades têm o desafio, mas também a oportunidade, de usar o place branding como alavanca de progresso e projeção internacional, e, nesse sentido, o modelo de Barcelona pode ser uma boa referência.

As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.