Segundo a Comissão Europeia, uma cidade inteligente é um lugar onde redes e serviços tradicionais se tornam mais eficientes, para benefício dos seus habitantes e negócios, através do uso da tecnologia.
Acrescente-se, no entanto, que uma cidade inteligente vai além do uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC) para otimizar a utilização de recursos e reduzir emissões; representa redes de transporte mais inteligentes, instalações de tratamento de resíduos e de abastecimento de água melhoradas, formas mais eficientes de iluminar e climatizar edifícios, e significa também disponibilizar serviços mais interativos e responsivos, espaços públicos mais seguros, e responder às necessidades de uma população que, no Ocidente, é cada vez mais envelhecida.
Ouve-se, muitas vezes, dizer que vivemos num mundo em que a população não pára de crescer e em que cada vez mais pessoas vivem em cidades. Ouve-se ainda que, segundo as Nações Unidas, em 2050, 68% das 9,7 mil milhões de pessoas que existirão à data viverão em cidades. Mas, no mundo Ocidental e ao invés das projeções das Nações Unidas, algumas cidades experimentaram ou projetam declínios demográficos, seja por envelhecimento, seja por razões económicas, seja por perda de competitividade para com outras cidades vizinhas. E, nestes últimos meses, a pandemia criou uma tendência para as pessoas procurarem locais mais calmos para viver.
Assim, se, antigamente, as cidades foram locais de concentração de massas à procura de melhores condições de vida, com todos os problemas que daí advieram (despersonalização, descaracterização, insegurança, etc.), hoje, a emergência de uma nova consciência coletiva exige que as cidades se assumam como lugares de vida, com oportunidades de trabalho mas, também, onde as pessoas podem estabelecer laços, criar os seus filhos, encontrar experiências culturais e de lazer, envelhecer, desenvolver um sentimento de pertença e de comunidade. Tudo isto num ambiente são e seguro.
As pessoas estão agora, como sempre deveriam ter estado, no centro de tudo. É as pessoas que os decisores políticos devem querer cativar; são elas que permitem que as empresas prestem os seus serviços. São elas que dão vida aos locais.
Essencial é, pois, que as cidades se assumam como polos de atração do capital humano, que criem uma dinâmica que envolva as pessoas e as empresas, escutando e antecipando as suas necessidades, num círculo virtuoso de evolução. Para isso, terão de implementar novas ferramentas e soluções que lhes permitam uma visão holística dos seus departamentos, serviços, infraestruturas e território numa arquitetura que os integre, mas na qual, também, os seus residentes estejam envolvidos com fluxos de comunicação multidirecional que envolvam todas as partes interessadas e que as façam sentir que, em cada momento, dispõem de informação útil, atual e, mais relevante, que são importantes.
Surgem as cidades inteligentes e recetivas como territórios que, promovendo a sustentabilidade económica e a economia circular, envolvem a comunidade e abraçam novas tecnologias e a inovação, alcançando uma visão integral e integrada do seu território, das suas empresas e das suas pessoas.
Se a pandemia amplificou uma tendência que se vinha notando de procurar locais mais calmos para viver e trouxe à evidência a fragilidade das cadeias de fornecimento globais, a guerra lançada contra a Ucrânia tornou inevitável repensá-las. É que, por muito interessante que sejam os preços que resultam das economias de escala e de gama, as dependências que as mesmas geraram limitaram a nossa capacidade de reagir e de resistir ao torná-las tão custosas que damos por nós a questionar se devemos flexibilizar alguns princípios ou valores a troco de manter o nosso nível de vida ou bem-estar.
“Essencial é, pois, que as cidades se assumam como polos de atração do capital humano, que criem uma dinâmica que envolva as pessoas e as empresas, escutando e antecipando as suas necessidades, num círculo virtuoso de evolução.”
Mas os princípios e os valores fundamentais não se podem flexibilizar ou limitar. Pelo contrário, é no momento que são questionados que devemos ser mais firmes na sua defesa. Por nós, pelos nossos, pelo nosso presente e, mais importante, pelo nosso futuro. Aqui, as cidades têm também um enorme papel a desempenhar, contribuindo, com a ideia de comunidade, de cercania, para a reformulação das cadeias de fornecimento, promovendo a produção e o consumo de proximidade, apoiando a criação de novos negócios e dos empregos que os mesmos geram e, em última instância, reduzindo a dependência geral de fornecimentos distantes ou origens pouco democráticas.
Podem fazê-lo de várias maneiras. Podem começar por descodificar e simplificar processos de licenciamento e de autorização. Podem implementar políticas de atracção, acolhimento e retenção de pessoas. Podem promover hubs de geração, desenvolvimento e divulgação de conhecimento. Podem criar ambientes favoráveis ao empreendedorismo, etc. Em todas as possibilidades, o uso de TIC será a ferramenta que o tornará possível, orientada à experiência do utilizador. A ferramenta que permitirá interagir com as pessoas e com os sistemas, e não apenas sentir o pulsar do território como, também, estimulá-lo.
A trabalhar para a materialização deste novo paradigma, a PreZero tem desenvolvido soluções integrais para as cidades, envolvendo os seus responsáveis, articulando os seus vários departamentos e desenhando as respostas mais adequadas a cada necessidade. Tudo com o sentido de responsabilidade de um operador que assegurará a implementação, o financiamento e a manutenção das soluções ao longo do tempo.
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As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.