Numa altura em que custos da energia voltam a colocar pressão sobre as finanças dos municípios, está mais do que na hora de avançar para uma iluminação pública (IP) inteligente que não só reduz o consumo em cerca de 70%, como ainda permite beneficiar de mecanismos de poupanças partilhadas que ajudam as autarquias a eliminar o estrangulamento financeiro a custo zero.

A Europa vive tempos difíceis. Depois de dois anos de confinamento fruto da pandemia, acrescenta-se a guerra na Ucrânia. Além de toda a destruição e tragédia humanitária, soma-se uma crise energética sem precedentes. A forte dependência europeia do gás e petróleo vindos da Rússia permite que esse país use a vantagem como castigo e chantagem à Europa pelas sansões impostas. E o aproximar do inverno só vem agudizar a situação.

Se, por um lado a União Europeia (UE) já tinha uma estratégia forte para a descarbonização e eficiência energética plasmada nas diretivas do Horizonte 2020, o contexto atual veio reforçar ainda mais a necessidade de aceleração dessas ações. Por exemplo, no último ano o custo do gás subiu 610% e o da eletricidade 300%. Com o inverno, estima-se que os preços subam ainda mais.

Assim, como forma de combater esta escalada de preços e de garantir o mínimo de reservas, a UE lançou o programa REPowerEU, no qual reforça ainda mais a importância quer da eficiência energética, quer da produção de energia renovável.

“Fazendo umas contas simples, chega-se à conclusão de que a troca da IP para LED permite poupar mais de 20% do consumo total. Isto é três vezes a meta europeia para Portugal.”

Um dos aspetos críticos deste plano é a obrigatoriedade de os Estados-Membros reduzirem os seus consumos elétricos. Essa obrigatoriedade aplica-se a governos, autarquias, empresas e consumidores. Há propostas para reduzir a climatização dos edifícios, apagar a IP e luzes de montras durante a noite, etc. As metas de redução estão entre os 7 os 15% de diminuição. Fruto destes valores, e apesar de necessárias, muitas das medidas impactam no nosso conforto e segurança.

Quando olhamos para os municípios portugueses vemos que o seu gasto em IP representa mais de 30% do consumo total, podendo ultrapassar os 50%. Ora, já é mais do que conhecido que a transição para iluminação LED inteligente permite poupar cerca de 70% do consumo, mantendo e até melhorando a qualidade da iluminação.

Adicionalmente, há mecanismos de parcerias público-privadas via Empresas de Serviços de Energia (ESE) que permitem aos municípios trocarem a iluminação para LED, sem necessidade de investimento, apenas partilhando parte das poupanças obtidas.

Fazendo umas contas simples, chega-se à conclusão de que a troca da IP para LED permite poupar mais de 20% do consumo total. Isto é três vezes a meta europeia para Portugal. E – a melhor parte – sem qualquer degradação da qualidade de serviço ou conforto e sem gastar fundos públicos. Estamos, pois, à espera de quê para avançar?

 

As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.