É nas cidades que emergem novas ideias, onde há mais serviços e oportunidades. A cidade, como qualquer organismo vivo, necessita importar recursos – alimentos, água, energia… – e produz resíduos, que é necessário exportar. A ideia da circularidade baseia-se exatamente no propósito de reduzir impactos ambientais, através da minimização destes fluxos da cidade, promovendo, por exemplo, a reutilização ou a utilização criativa dos “resíduos”. Nas diferentes vertentes, estas abordagens não são necessariamente novas.
As cidades são desde sempre um lugar de concentração de pessoas que é atrativo para mais pessoas: é nas cidades que emergem as novas ideias e onde há mais serviços e oportunidades. A população nas cidades ultrapassou os 50% nas últimas décadas, a nível mundial, mas na Europa já tem valores superiores a 80%.
A cidade, como qualquer organismo vivo, necessita importar recursos – alimentos, água, energia… – e produz resíduos, que é necessário exportar. Nesta relação importa minimizar a dependência e o impacto face ao “exterior”, mas também garantir que dentro deste organismo se mantêm níveis aceitáveis de qualidade nos diferentes compartimentos. Em geral, as cidades permitem uma maior eficiência no funcionamento destes mecanismos relativamente a um povoamento disperso.
A ideia da circularidade baseia-se exatamente no propósito de reduzir estes impactos ambientais através da minimização destes fluxos da cidade, promovendo por exemplo a reutilização ou a utilização criativa dos “resíduos”. Nas diferentes vertentes, estas abordagens não são necessariamente novas. Alguns exemplos:
– Água: captação de água da chuva, tratamento descentralizado de esgotos e a reutilização destas águas em aplicações não potáveis, como lavagem e irrigação de espaços públicos ou arrefecimento industrial;
– Resíduos sólidos: implementação de políticas de desperdício zero, promoção de produtos duráveis e reciclagem eficiente de materiais; resíduos orgânicos compostados para enriquecer o solo das áreas verdes e culturas arvenses;
– Alimentos: produção local de alimentos; uso de hortas urbanas, sistemas hidropónicos e jardins verticais; aproximar a produção do consumo reduzindo a pegada de carbono dos alimentos; compostagem comunitária de resíduos orgânicos;
– Energia e transportes: transição para fontes de energia renovável; painéis solares, sistemas de energia partilhada e gestão inteligente; transporte público eficiente, veículos elétricos e partilha de carros; incentivo ao uso de bicicleta e deslocações a pé.
Neste processo de transformação são essenciais o planeamento urbano e as políticas públicas que têm permitido, para além dos aspetos já referidos, considerar questões sociais – promovendo a inclusão de toda a comunidade nestes objetivos – e a organização do espaço e dos serviços. São consideradas questões como a habitação e a economia – nomeadamente no processo de criação de novos empregos. As novas tecnologias são vitais nesta transformação, bem como a formação em todas estas matérias, da infância à terceira idade.
Um dos exemplos desta nova cidade é a existência de espaços verdes urbanos, com perfil de corredor ecológico, que podem ser áreas de fomento à biodiversidade e locais de lazer, mas também, numa perspetiva de resiliência, áreas de retenção de água – minimizando inundações, ondas de calor e outros efeitos comummente associados às alterações climáticas.
Apesar da referência frequente ao papel dos poderes públicos, é no cidadão que está o foco destas políticas. Em todos estes processos, é essencial a adesão de cada um de nós a estes objetivos, para garantir um melhor ambiente, cidades mais resilientes e uma melhor qualidade de vida.
Este artigo foi originalmente publicado na edição nº 41 da Smart Cities – Outubro/Novembro/Dezembro 2023, aqui com as devidas adaptações.
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As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.