Os museus, enquanto espaços para a reflexão e para a criação de relações críticas entre pessoas, objetos e ideias, encontram, hoje, na tecnologia oportunidades para renovarem o seu papel de promotores e produtores de conhecimento.
À luz dos novos desafios colocados pela globalização e pela evolução das tecnologias de informação e enquadrando a relevância que a troca de conhecimento assume no modelo económico do nosso tempo, um museu não poderá deixar de ser um espaço aberto à criatividade e ao pensamento crítico. As estratégias de exposição e mediação dos bens culturais devem refletir esta ambição e contribuir para a criação e formação de novos públicos. O museu deve assumir um papel ativo na comunidade e, também, na economia. Em suma, estar ao serviço da sociedade.
As tecnologias interativas, quando enquadradas numa clara estratégia de estreitamento da comunicação e das relações com o público, permitem multiplicar as experiências sensoriais e cognitivas e reforçar a experiência de visitação.
A relação do público com o espaço é um dos aspetos centrais da experiência. Assim, a introdução de artefactos computacionais e interativos no contexto museológico deve estar alinhada com este objetivo. Para mais, a tecnologia não deve ser utilizada apenas como meio para atrair e entreter os visitantes. Deve antes procurar apresentar a informação de forma relevante e contextualizada.
Os artefactos tecnológicos devem constituir-se como verdadeiros mediadores no contexto museológico. A componente educativa também não deve ser descurada. Só percebendo a educação como um elemento de avaliação e salvaguarda da memória é possível fomentar o pensamento crítico a respeito da construção patrimonial, contribuindo ativamente para o seu entendimento e preservação.
Nos últimos vinte anos, temos vindo a assistir à progressiva introdução de artefactos computacionais no contexto da mediação patrimonial e artística. A natureza e características destes dispositivos evoluíram desde os primeiros quiosques multimédia com conteúdos audiovisuais até aos dispositivos interativos multi-toque que estão presentes hoje em vários museus.
Esta mudança significa que os pontos de contacto com informação digital atualmente presentes no contexto museológico podem ser muito variados em termos de usabilidade, acesso e, sem dúvida, valor de uso, nomeadamente na qualidade da experiência.
A alteração registada tem sido acompanhada pela evolução dos dispositivos móveis e por todo um ecossistema de soluções onde se incluem os códigos QR e as tecnologias RFID. Na última década assistimos também a um proliferar de sistemas interativos como a realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e interfaces tangíveis (TUI). É importante reconhecer nestes desenvolvimentos a importância dos conceitos de tangibilidade e materialidade que possibilitam novas formas de perceber e interagir com o espaço museológico, abraçando a personificação física de dados, a interação corporal com a informação digital e a imersividade.
O museu do século XXI deve ser capaz de dialogar com o visitante, possibilitando uma visão dinâmica e um contacto interativo com o acervo e o espaço expositivo. O papel da usabilidade na mediação entre o público e o objeto museológico é, assim, determinante.
É, sem dúvida, necessário evidenciar que as soluções tecnológicas adotadas oferecem vantagens face a alternativas convencionais e que o custo da sua implementação não ultrapassa os benefícios potenciais.