Para discutir smart cities terá lugar, em Braga, de 18 a 20 de abril, o FICIS 2017 – Fórum Internacional das Comunidades Inteligentes e Sustentáveis – e tem como lema Fazer Cidade – Placemaking. A New Way of Thinking foi o lema do FICIS 2015 e Utopia o do FICIS 2016.

No FICIS, cidades, líderes de opinião, decisores, especialistas com ideias e empresas com meios para transformar as ideias em realidade, todos a partilham o mesmo espaço onde as ideias e os projetos para as smart cities podem transformar-se em realidade.

“Para o sucesso de uma smart city é essencial uma visão clara, assumida pelo ‘líder’ da cidade que permita trilhar o caminho dos grandes objetivos a atingir”.

Uma cidade é um sistema de sistemas com redes e infraestruturas urbanas, pessoas, edifícios, comunidades, entidades, transportes e serviços. Uma smart city é uma cidade inovadora que utiliza as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para melhorar a qualidade de vida, a eficiência das operações urbanas e dos serviços e a sua competitividade. Uma smart city sustentável assegura as necessidades das gerações do presente sem comprometer as do futuro, através de um equilíbrio entre os fatores ambientais, económicos e sociais.

Cada cidade afirma-se em diferentes domínios, entre os quais o ambiente, a mobilidade e a governança são os mais relevantes, uma vez que as metas associadas são coletiva e amplamente partilhadas.

Ao nível do ambiente, a melhoria das condições ambientas, nomeadamente ruído e qualidade do ar e da água, são fundamentais, assim como a melhoria da eficiência energética ao nível de equipamentos públicos, monitorização dos consumos e das redes de água e resíduos. As iniciativas de gestão da energia e da iluminação com ligações inteligentes, tecnologia LED e sensores podem ser aplicadas na maioria dos projetos em construção e contextos da cidade. A redução dos custos energéticos a curto prazo é o principal impacto.

O transporte urbano e a mobilidade são fatores decisivos na afirmação das cidades, promovendo a sua sustentabilidade e participando na coesão social, desenvolvimento económico e qualidade de vida dos cidadãos. Os planos cicláveis inteligentes, viagens multimodais integradas e a gestão inteligente de tráfego com recurso a geo-sensores, monitorização e smart cards, por exemplo, são algumas das iniciativas bem-sucedidas. A prioridade dada aos modos ativos e transporte coletivo urbano pode ter vantagens do ponto de vista da saúde e ambiente e aqui também com repercussões económicas relevantes; estas soluções podem ser aplicadas em toda a cidade e podem reduzir as emissões de gases efeito estufa através da redução de veículos e redução da sinistralidade, podendo ser desenvolvidas nas infraestruturas existentes. Por vezes, basta “uma lata de tinta e um pincel”.

Na governança, iniciativas bottom-up com recurso a plataformas abertas – nas quais os município cria um interface para disponibilizar dados e serviços a terceiros, incluindo empresários e cidadãos, permite aos cidadãos participarem ativamente –, o portal único – janela única para serviços municipais ou portais municipais online – e iniciativas sustentáveis integradas – para gestão mais eficiente da energia, monitorização e feedback dos utilizadores –, facilitam a apropriação e participação desde o início. Os impactos económicos, melhoria dos serviços associados ao ambiente e mobilidade são vantagens deste tipo de iniciativas.

A integração e monitorização das redes e infraestruturas de forma centralizada e global num centro dedicado, que corresponde ao cérebro da cidade digital, com uma gestão capaz e tecnologicamente apetrechado e que assuma a visão da cidade, é uma das iniciativas essenciais numa smart city.

Este centro recebe todos os dados dos sensores e redes e, através de ferramentas de business intelligence, coloca à disposição dos serviços públicos, investidores e utilizadores da cidade informação útil para a tomada de decisão. Aqui é importante garantir a privacidade e a proteção da informação, por um lado, e, por outro, garantir padrões abertos da informação a quem dela necessita. Desta forma, será possível adotar soluções integradoras e alinhadas com todas as entidades e que abordem os problemas de forma eficaz.

Tecnologia é a resposta. E qual é a questão? Como é que as TIC podem ser utilizadas nas cidades para “coser” as redes e infraestruturas urbanas entre si, de modo a que, estando as pessoas no centro do processo, elas lhes sejam mais acessíveis e úteis de um modo mais facilmente percecionado? Ou seja, como resolver os problemas reais das cidades e de forma eficaz, contribuindo para o bem-estar e felicidade dos cidadãos?

Para o sucesso de uma smart city é essencial uma visão clara, assumida pelo “líder” da cidade que permita trilhar o caminho dos grandes objetivos a atingir. Esse caminho deve ser paulatinamente construído com iniciativas nos domínios em que cada cidade se pretende afirmar, com recurso às TIC e com o envolvimento ativo dos seus cidadãos.

Atualmente é difícil pensar-se em projetar um espaço que não atraia as pessoas. O que é notável constatar é quantas vezes isso foi feito. Fruto da sua história, património, cultura e conhecimento, cada cidade tem a sua própria identidade. O futuro das cidades exige A New Way of Thinking, no qual a Utopia nos ajuda a caminhar e a estabelecer metas e o Placemaking – Fazer Cidade nos devolve a liberdade de nos reinventarmos a nós próprios e às nossas cidades.

Através do Placemaking – Fazer Cidade, podem construir-se espaços mais vibrantes e tornar as comunidades mais felizes. É um processo que inclui projetar, criar e manter espaços públicos, que estimula uma maior interação entre as pessoas e propõe a transformação dos pontos de encontro de uma comunidade – parques, praças, ruas e calçadas – em lugares mais agradáveis e atrativos. Para isso, é essencial ouvir as ambições e necessidades daqueles que vivem e usufruem dos espaços a serem transformados. Na verdade, as cidades só tem a capacidade de oferecer algo, se esse algo for criado por todos.

O direito à cidade é muito mais do que a liberdade de cada um no acesso aos recursos urbanos: é o direito de mudarmo-nos, mudando a própria cidade. Trata-se de um direito comum e não individual, uma vez que essa transformação depende inevitavelmente do exercício de um poder coletivo.

O conhecimento e a cultura, tornam cada cidade única apesar do conceito smart city ser global. Certo é que não há duas cidades iguais.