Globalização não é sinónimo de uniformização. Se há algo que a pandemia nos ensinou é que é possível reduzir distâncias, esbater fronteiras, ultrapassar obstáculos e consistentemente entregar resultados capazes de trazerem solidez e resiliência para as cadeias de valor globais.
Na EY, temos como propósito “construir um melhor mundo de negócios”. O ponto de partida para esta premissa tem na sua base a importância da diferença e da diversidade como fatores geradores de valor. Se esta premissa é verdadeira para as pessoas que integram e fazem mover a nossa organização, também será válida para a sociedade, como um todo. Assim, devemos entender também o nosso país, que, do Minho ao Algarve, passando pelas regiões autónomas, é constituído por gentes e comunidades diferentes e diversas.
Na ressaca do confinamento – que estende sobre nós um mosaico de desafios exigentes cuja superação todos convoca –, é fundamental que saibamos olhar para a diversidade e diferença como promotores do desenvolvimento e do progresso. É da realidade local que devemos partir se queremos um país geográfica e socialmente mais equilibrado e coeso, com mais oportunidades, no qual as aspirações e sentir locais, possam fazer a diferença num mundo global.
Globalização não é sinónimo de uniformização. Se há algo que a pandemia nos ensinou é que é possível reduzir distâncias, esbater fronteiras, ultrapassar obstáculos e consistentemente entregar resultados capazes de trazerem solidez e resiliência para as cadeias de valor globais.
Em anos recentes, depois de uma crise financeira global que não poupou as economias europeias, em particular os países do sul, Portugal evidenciou um conjunto de capacidades que têm merecido reconhecimento internacional: as nossas indústrias tradicionais reinventaram-se e conquistaram novas geografias; as nossas empresas aliaram-se à academia e a centros de investigação e inovaram, criando novos produtos que ganharam quota de mercado junto de consumidores externos sofisticados; e Portugal foi capaz de atrair investimento direto estrangeiro, centros de competências e de excelência, nos domínios financeiro, tecnológico e da engenharia, beneficiando da qualidade do nosso sistema de ensino superior, da qualidade das nossas pessoas, do seu talento e flexibilidade.
O empreendedorismo não nasceu por decreto, mas sim devido a um conjunto de circunstâncias e incentivos que encontraram, para além de Lisboa e Porto, terreno fértil para germinar. De acordo com um estudo recente da EY, SAP e Startup Portugal, cidades como Braga, Bragança, Aveiro, Leiria, Coimbra e Castelo Branco e tantas outras capitais de Distrito, mas também Cascais, Oeiras, Águeda, Guimarães, Portimão, Santa Maria da Feira ou Mafra, têm evidenciado uma notável capacidade de incentivar o empreendedorismo e a inovação, inclusive, em muitos casos, de instalar ninhos de empresas tecnológicas que, a partir de Portugal, procuram escalar os seus produtos, processos e serviços. Cidades que acarinham o talento, que estimulam a capacidade produtiva, potenciam o trabalho colaborativo e em rede, apontando para que, do local, se parta de forma escalável e inovadora para o global.
Globalização não é sinónimo de uniformização. Se há algo que a pandemia nos ensinou é que é possível reduzir distâncias, esbater fronteiras, ultrapassar obstáculos e consistentemente entregar resultados capazes de trazerem solidez e resiliência para as cadeias de valor globais. Se o fizermos valorizando a diversidade, então teremos a diferenciação no centro da nossa oferta. Ao mesmo tempo, promoveremos a coesão social e territorial, transformaremos o interior num motor do desenvolvimento e seremos capazes de estimular a afirmação de novas centralidades, catapultando o talento local para o panorama global.
Portugal tem, no puzzle da sua diversidade regional e local, uma chave para criar ecossistemas empreendedores, inovadores e criativos. Na adversidade de anos recentes, foi notório o contributo das startups na retoma da economia e o protagonismo das cidades enquanto plataformas de desenvolvimento. Estas tiveram e continuarão a ter um papel fundamental no abrir de muitas portas para o futuro. Um futuro feito de inovação e empreendedorismo baseado na pluralidade e na diferença. Um futuro onde o local, seguramente, poderá ser o novo global.
As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.