A disponibilidade, a rapidez, o custo, o conforto e (já para muitos de nós) o impacto ambiental que cada meio de transporte nos pode garantir são critérios utilizados nas decisões de deslocação urbana.
Se, hoje, dispomos já de vários serviços de transporte que permitem compromissos entre estes critérios, será, porventura, da sua conjugação que resultará o trajeto mais eficiente e adequado.
A criação de plataformas que, agregando as ofertas de vários operadores, permitam ao utilizador planear as suas deslocações, reservar e pagar os transportes e obter informação atualizada ao longo do trajeto são, por isso, instrumentos que poderão ter um impacto extremamente positivo na mobilidade urbana. Como?
Para o utilizador, uma plataforma de intermodalidade representa a possibilidade de decidir sobre o seu itinerário, colocando-o no centro de decisão do sistema e mantendo-o permanentemente informado, tendo as infraestruturas de se adaptar e de antecipar as necessidades futuras.
Mas, para gestores e operadores, representa a possibilidade de, através de sofisticada análise de dados, compreender padrões de trajetos e assim adaptar as infraestruturas às rotinas identificadas, colocando o transporte público como alternativa de qualidade ao transporte particular, diminuindo congestionamentos e promovendo a sustentabilidade ambiental. Permite ainda uma gestão mais fina das perturbações de serviço, melhorando a comunicação com os seus clientes e beneficiando, assim, a qualidade percecionada do serviço prestado.
São inúmeros os exemplos internacionais de plataformas intermodais em funcionamento com maior ou menor grau de sofisticação, sendo que é comum haver uma certa acomodação por estes exemplos virem de países como a Alemanha, Dinamarca ou Emirados Árabes Unidos. Achei por isso digna de relevo a aposta que o governo de Andorra, através da Forces Elèctriques d’Andorra (FEDA), está a realizar. Andorra irá disponibilizar aos utilizadores da sua plataforma intermodal a possibilidade de planear as suas viagens e gerir o pagamento de diferentes modos de transporte (transporte público, parqueamento, bicicletas partilhadas, carregadores de carros elétricos), de forma integrada através de uma acreditação única e com recurso a uma app.
Portugal tem vindo a implementar tecnologias e serviços inovadores de mobilidade com grande sucesso, como por exemplo os serviços de mobilidade partilhada e a rede de carregamento elétrico de veículos. Dispondo da tecnologia e dos serviços disponíveis, a gestão da mobilidade nos grandes centros urbanos de Portugal tudo terá a ganhar com a criação de plataformas de gestão da intermodalidade que consigam potenciar efetivamente a oferta de mobilidade.
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