As expetativas para as escolas e líderes da comunidade educativa estão a mudar. Os desafios da sociedade contemporânea, que passam pelas exigências ambientais, políticas de inclusão e diversidade, responsabilidade coletiva e objetivos partilhados que envolvem a escola com a comunidade e reforçam a sua intervenção no território em que está inserida, contribuem para repensar o papel atual da escola, do sistema de educação e a sua evolução no futuro. Criar ambientes de aprendizagem nos quais os alunos possam desenvolver-se como cidadãos, incorporando a sustentabilidade nos vários programas, e desenvolver a cidade como espaço educativo é, atualmente, um grande desafio educacional.
A Educação para o Desenvolvimento Sustentável, um dos pilares estratégicos da agenda política e social, visa melhorar o acesso à educação de qualidade e reforçar o seu papel na dinâmica da sociedade e da construção da cidade educativa sustentável.
Uma escola orientada para o desenvolvimento sustentável a todos os níveis e em todos os contextos sociais permite transformar a sociedade, reorientando a educação e ajudando a desenvolver conhecimentos, competências, valores e comportamentos necessários para esse desenvolvimento. Trata-se de incluir questões como mudanças climáticas e biodiversidade, tanto no ensino como na aprendizagem.
A implementação e manutenção da educação para o desenvolvimento sustentável passa pela definição de diferentes tipos de liderança. Orientar as escolas para a sustentabilidade exige novos modelos conceptuais e práticas inovadoras que devem ser assumidas pelos seus responsáveis, diretores e professores, e que envolvam toda a comunidade educativa, incluindo os funcionários, estudantes, famílias e, de forma geral, a sociedade em que se inserem. Neste sentido, a implementação de práticas colaborativas, o incentivo à participação de programas de forma conjunta, a criação de atividades relacionadas com o desenvolvimento sustentável, os recursos e as diretrizes da política educativa nacional devem convergir para a construção de escolas sustentáveis, com abordagens que explorem novas possibilidades de pedagogia, que passam pela aprendizagem coletiva, parcerias ou processos de interação que estimulem a capacidade criativa dos estudantes em termos de desenvolvimento e de sustentabilidade.
As escolas devem redefinir as suas responsabilidades no sentido de construir culturas mais colaborativas e articuladas com o ambiente local, com o espaço urbano, para que possam contribuir para melhorar a solução de problemas através da comunicação, da assistência mútua e de maior coesão entre todos os que se preocupam com um objetivo comum: bem-estar de todas as crianças e jovens e melhoramento da sua aprendizagem contínua. Parcerias orientadas para integrar uma educação urbana sustentável e que podem estimular a aprendizagem nas escolas para uma melhor compreensão da dinâmica dos sistemas ambiental, político, social, cultural e económico.
Neste sentido, os compromissos de liderança além da escola podem incluir parcerias com outras escolas, comunidades, empresas, organismos sociais, universidades e interventores de políticas a nível local, nacional e internacional. Em conjunto, podem desenvolver-se programas com foco em temas prioritários para o desenvolvimento sustentável destas gerações mais novas e dos espaços urbanos, e que incentivam o engagement dos alunos com iniciativas ambientais e sociais.
Um exemplo concreto é o programa de alimentação saudável e consciente “Hortas nas Escolas”, que reúne uma plataforma colaborativa de vários agentes da sociedade e que inclui o Programa Missão Continente, uma autarquia (câmara municipal de Esposende) e a start-up (Noocity) para a criação de mini-hortas autossustentáveis em 23 escolas do 1º ciclo deste concelho, o que permite o cultivo eficiente de alimentos que posteriormente serão utilizados nas cantinas escolares. Um exemplo de circularidade que mostra como as escolas podem agir com responsabilidade e como as suas lideranças podem capacitar as pessoas a mudar a sua forma de pensar e a trabalhar em direção a um futuro mais sustentável, através de ações com implicações diretas na vida de todos os indivíduos e do espaço urbano.
A educação ambiental urbana pode capacitar aqueles que vivem em circunstâncias desafiadoras a trabalharem juntos para melhorar o bem-estar socioeconómico e promover cidadãos informados e motivados a viver de maneira mais sustentável, serem responsáveis pelo meio ambiente e ajudar a garantir o futuro da qualidade de vida das gerações.
Incentivar os indivíduos a serem atores responsáveis que resolvem desafios é o papel da escola do futuro e do seu contributo para a construção de cidades vibrantes, dinâmicas e mais sustentáveis.
As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.