A tecnologia desempenha um papel importante no combate ao desperdício de água na rede pública de abastecimento.

A situação de seca que se vive atualmente, a par das alterações climáticas, torna urgente o uso eficiente da água e, ainda mais, a gestão das perdas de água na rede de abastecimento.

De acordo com os dados publicados no relatório de 2021 da Entidade Reguladora do Setor das Águas e Resíduos (ERSAR), Portugal perde, anualmente, 174 milhões de m3 de água tratada na rede de abastecimento, o que representa 30% de perdas de água, que já tem agregados um esforço e um investimento consideráveis na sua captação, filtragem, tratamento e distribuição.

As razões para estas perdas prendem-se com as deficiências na rede de abastecimento e, também, com algumas situações de fraude. Estando a rede de abastecimento de água assente em infraestruturas antigas e bastante ramificadas, torna-se difícil detetar atempadamente as fugas, em especial, porque ocorrem no subsolo, invisíveis, sendo a água desperdiçada continuamente absorvida. Torna-se, portanto, urgente adotar medidas, para melhorar o desempenho desta infraestrutura.

A ausência de procedimentos de monitorização eficaz da rede de abastecimento impede a identificação das perdas de água e dificulta a adoção das medidas necessárias para as mitigar. Contudo, já existem soluções tecnológicas, baseadas na Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), que permitem justamente recolher informação, em tempo real, sobre fugas de água na rede pública. Por outras palavras, é possível atuar, de forma ativa e sistematizada, para prevenir e reduzir o desperdício de água, maximizando, assim, a eficiência na gestão deste recurso tão valioso.

É aqui que a digitalização da rede de abastecimento de água pode contribuir ativamente com soluções para a redução das perdas. Através de sensores de IoT colocados na rede de distribuição, apoiados por um sistema de inteligência artificial, é possível detetar ativamente as fugas de água e atuar na reparação imediata das mesmas. Ou seja, o sistema monitoriza, em tempo real, as fugas na rede permitindo uma atuação precoce e mitigando as situações de desperdício.

Com este sistema, os municípios e todas as entidades que operam a distribuição de água podem operacionalizar projetos de eficiência hídrica, promovendo a sustentabilidade e minorando perdas comerciais.

As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.