Ao longo dos últimos anos, temos vindo a assistir a uma tremenda evolução da população mundial e, ao mesmo tempo, a um constante crescimento urbano em todas as cidades do mundo. Atualmente, mais de metade da população mundial vive nos grandes centros urbanos – aproximadamente 4.5 mil milhões – e a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que esta proporção aumente para 70% até 2050. A verdade é que as cidades dos dias de hoje apresentam fatores muito mais atrativos para a população jovem do que as regiões rurais, quer seja pelas melhores oportunidades de emprego, quer pela maior acessibilidade de serviços ou até mesmo pelas melhores condições de vida.

No entanto, este rápido processo de urbanização tem provocado graves problemas sociais, económicos e ambientais a estas mesmas cidades. A sobrelotação, a falta de serviços básicos para todos indivíduos e o aumento exponencial de poluição são alguns dos problemas sentidos. Durante largos anos, os grandes centros urbanos foram os principais responsáveis pela emissão de 70% de gases de efeito estufa para a atmosfera.

Neste sentido, torna-se cada vez mais imperativo melhorar o planeamento e a gestão urbana, de forma a que as cidades sejam mais seguras, inclusivas e, essencialmente, mais sustentáveis num futuro próximo.

Cidades Sustentáveis

Uma cidade sustentável é aquela que, para desempenhar o seu papel administrativo, considera sempre os três seguintes pilares: a responsabilidade ambiental, a economia sustentável e a vitalidade cultural. Para além disto, esta deve também ter a capacidade de liderar a transição energética para um desenvolvimento com baixo teor de carbono, baseado na utilização de energias verdes.

Neste mesmo sentido, em 2020, Braga, Porto e Águeda integraram a lista desenvolvida pela organização não-governamental Carbon Discloure Project (CDP), cujo principal objetivo passa por identificar as 88 cidades líderes do ambiente a nível mundial. Desta forma, as três cidades portuguesas conseguiram assim obter classificações de “Classe A”, o que reconhece os esforços desenvolvidos pelos municípios com o intuito de reduzir as emissões de efeito de estufa.

No caso específico do Porto, conseguimos observar que, mesmo com a tendência crescente de atração turística sobre a cidade, o município tem implementado medidas eficazes focadas na diminuição da emissão dos gases de efeito de estufa. No que diz respeito ao setor dos edifícios, um dos que mais contribui para estes recentes resultados, a menor utilização de eletricidade e a integração de energias renováveis nos métodos de trabalho têm sido as principais apostas. Já no setor dos transportes, a diminuição da poluição muito se tem devido a um maior incentivo à utilização dos transportes públicos, em detrimento do transporte individual.

No ano de 2019, também foram três as cidades portuguesas a obter a classificação “Classe A” na lista desenvolvida pela Carbon Discloure Project: Lisboa, Guimarães e Sintra.

Tendo em conta este contexto, conseguimos verificar que as entidades administrativas do país – freguesias, municípios, entre outras – têm, cada vez mais, consciência da importância da sustentabilidade para o ecossistema. E prova disso é a maior utilização de energias renováveis, por parte das cidades portuguesas, que permite desde logo reduzir a dependência energética exterior, reduzir o elevado investimento realizado na exploração de combustíveis fósseis, ou até mesmo melhorar a própria saúde pública. Contudo, embora este conjunto de cidades esteja já a implementar medidas para iniciar o seu processo de transformação energética, é fundamental que se incentive e se criem medidas adicionais para que mais comecem a seguir os seus passos.

É tempo de apostar fortemente na sustentabilidade nas nossas cidades, no sentido em que só desta forma é que será possível preservar o nosso futuro e o do nosso planeta.

 

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