O conceito de cidades inteligentes ou smart cities não é algo novo e algumas cidades portuguesas têm dado alguns passos no sentido de dar melhor acesso, de acelerar e de digitalizar os sistemas de informação urbanos que nos envolvem.

Em termos internacionais, o desenvolvimento ainda é maior: a Iniciativa Smart Cities está em andamento acelerado nos Estados Unidos da América (EUA) e a China tem mais de 200 projetos de cidades inteligentes. O que é realmente novo é a necessidade gerada pelas novas tendências sociais, económicas, legais e ambientais que exigem maior eficiência administrativa, modelos de cidadania em participação mais direta, maior transparência e maior acesso à informação pública. Essas necessidades e exigências promovem o uso de tecnologias que, antes, nem sequer eram consideradas para a maximização do bem comum do cidadão ou freguês e que, hoje, são um imperativo na gestão do bem público.

Outras tecnologias

Juntamente com o desenvolvimento de Open Data, Big Data e Social Business, estas novas tecnologias estão a transformar a forma de gerir as cidades, bem como a forma como os serviços públicos são entregues e como o acesso à informação é disponibilizado nas cidades. A pressão que se está a criar devido ao aumento da responsabilidade na governança, economia, questões sociais, mobilidade, segurança e meio ambiente vêm acelerar a necessidade de documentação, transparência e segurança de registos. É aqui que entra Blockchain.

“Além das áreas administrativas, Blockchain também pode ser muito relevante para o planeamento urbano (rastreabilidade de alterações) e a gestão do espaço público, transporte sustentável, segurança pública, economia circular e espaços inteligentes (edifícios e áreas públicas)”.

Blockchain e smart cities

Blockchain como tecnologia que facilita a transparência, segurança e rastreabilidade em ambientes em que pode não haver confiança entre os interlocutores é o paradigma ideal para reduzir burocracia e criar transparência nas interações entre quem gere as cidades e quem vive nelas. Além das áreas administrativas, Blockchain também pode ser muito relevante para o planeamento urbano (rastreabilidade de alterações) e a gestão do espaço público, transporte sustentável, segurança pública, economia circular e espaços inteligentes (edifícios e áreas públicas).

Segurança em smart cities

O paradigma das smart cities pode reduzir o consumo de recursos municipais, através de dispositivos IoT (Internet of Things) para otimizar o uso de eletricidade e água; reduzir o congestionamento do trânsito e a poluição, através de melhor coordenação de semáforos, estacionamento e transporte público. No entanto, à medida que mais sensores IoT são implementados, maiores serão as vulnerabilidades de uma cidade.

Blockchain como mecanismo seguro e descentralizado dá a oportunidade de aumentar a conectividade sem comprometer a segurança de processos administrativos. Com o aumento de dispositivos IoT e as suas conhecidas vulnerabilidades, é essencial acoplar uma tecnologia rastreável segura. Embora a maior parte dos dispositivos IoT não possua os recursos necessários para guardar Blockchain, a imutabilidade do sistema associada às chaves criptográficas pode ser usada para estabelecer a identidade dos dispositivos. Os dispositivos podem apresentar credenciais para se autenticar num ecossistema IoT, com essas credenciais armazenadas e validadas posteriormente a partir de um Blockchain público.

Cabe agora a todos nós, e não só ao poder local, ter a visão e vontade política de implementar estas e outras tecnologias que irão claramente alterar a forma como se vive, experiencia e trabalha na cidade.

A CIONET Portugal faz parte da Aliança Portuguesa de Blockchain, apresentada hoje em Lisboa. A entidade tem como objectivo aumentar o conhecimento e incentivar o desenvolvimento de novas soluções em Blockchain, através da promoção de um ecossistema que reúne empresas, academia e entidades governamentais. Para além da CIONET Portugal, fazem ainda parte o IAPMEI, Abreu Advogados, AICEP, AMA, Associação Portuguesa de Seguradores, BCSD, Católica Lisbon School of Business & Economics, CMVM, EMEL, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Fidelidade, IBM, ISEG, Instituto Superior Técnico, IP Telecom, Porto Business School, REN, Universidade Lusófona e Vodafone.