As cidades são habitualmente marcadas pela concentração de pessoas, por ritmos de vida acelerados e por algum afastamento dos locais de produção de muitos dos bens aí consumidos. São, também por isso, locais privilegiados, onde os plásticos marcam presença, quer enquanto produtos e embalagens usadas no quotidiano, quer enquanto resíduos.
Os plásticos assumem grande relevância para a sociedade, mas são também um enorme problema ambiental, desde as localizações mais remotas, até ao jardim ou à praia que frequentamos. Esta proliferação de resíduos de plástico resulta da cultura de usar e deitar fora e da ineficácia das políticas de reciclagem, que nos conduziram à presente situação em que corremos o risco de em 2050 termos mais plástico nos oceanos do que peixe.
Para além do impacto nos oceanos (onde das 150 milhões de toneladas de plásticos aí existentes, estima-se que 80% resultam de atividades em terra) (1), na vida marinha e na cadeia alimentar de todas as espécies (incluindo na nossa, com a deteção de plásticos em muitos dos produtos alimentares provenientes do mar), atualmente cerca de 6% da produção de petróleo é utilizada por este setor, sendo um contribuinte direto para as alterações climáticas.
“Optar almoçar ou jantar em estabelecimentos que só utilizem utensílios ou embalagens reutilizáveis, optar por pratos, talheres e copos reutilizáveis nas festas, recusar usar palhinhas e outras embalagens ou utensílios descartáveis, por exemplo, colheres de café, cotonetes, etc. Pode parecer pouco, mas se formos muitos faremos a diferença e as ruas, jardins e praias da nossa cidade irão ser o espelho do nosso empenho”.
No dia 16 de Janeiro, foi publicada a Estratégia Europeia para os Plásticos, um documento que, embora seja pouco ambicioso no que diz respeito às dimensões da prevenção e reutilização, abre portas à proibição de alguns materiais (microplásticos, plásticos oxodegradáveis) e à restrição e penalização do uso de plásticos descartáveis.
Os europeus, e os portugueses em particular, defendem uma ação enérgica sobre o tema. Segundo dados do Eurobarómetro, 87% dos europeus estão preocupados com o impacto do plástico no ambiente (em Portugal são 91%) e três em cada quatro (74%) estão preocupados com os impactos que este material pode ter na sua saúde (77% em Portugal). Existe ainda um elevado grau de concordância (sempre acima dos 85%) com temas como “os produtos devem ser desenhados para serem recicláveis” (99% em Portugal), “a indústria e os retalhistas devem reduzir as embalagens de plástico” (98% em Portugal) ou “as pessoas devem ser educadas sobre como reduzir a produção de resíduos de plástico” (98% em Portugal). Mesmo quando surge o tema das taxas, mais de 60% consideram importante que “os consumidores paguem uma taxa extra sempre que usem produtos descartáveis” (em Portugal desce para 55%) (2).
A todos nós está atribuído o papel de dar o exemplo e mostrar a políticos e empresas com os nossos atos o caminho que defendemos. Optar almoçar ou jantar em estabelecimentos que só utilizem utensílios ou embalagens reutilizáveis, optar por pratos, talheres e copos reutilizáveis nas festas, recusar usar palhinhas e outras embalagens ou utensílios descartáveis, por exemplo, colheres de café, cotonetes, etc. Pode parecer pouco, mas se formos muitos faremos a diferença e as ruas, jardins e praias da nossa cidade irão ser o espelho do nosso empenho.
Notas bibliográficas
(1) World Economic Forum, Ellen MacArthur Foundation and McKinsey & Company, The New Plastics Economy — Rethinking the future of plastics, 2016, http://www.ellenmacarthurfoundation.org/publications
(2) Eurobarómetro 468 – Attitudes of European Citizens Towards the Environment – http://ec.europa.eu/commfrontoffice/publicopinion/index.cfm/Survey/getSurveyDetail/instruments/SPECIAL/surveyKy/2156
A publicação deste artigo faz parte de uma colaboração entre a revista Smart Cities e a Associação ZERO – ASSOCIAÇÃO SISTEMA TERRESTRE SUSTENTÁVEL.