Bruxelas acolheu a terceira edição da conferência Smart Regions, organizada pela Comissão Europeia. Entre os dias 14 e 15 de Novembro, os responsáveis regionais e nacionais, assim como representantes das instituições europeias e da comunidade científica, debateram os desafios das regiões europeias face à globalização, às novas tecnologias e à transição para uma economia circular.
Um espaço chamado The Egg, um antigo edifício industrial transformado em centro de congressos, foi o local escolhido pela Comissão Europeia (CE) para reunir mais de 500 participantes naquela que foi a terceira conferência sobre Smart Regions. Entre palestras e workshops, o evento contou também com uma área de exposição de várias entidades, entre elas a portuguesa Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
Sob o mote “Transformação através da especialização inteligente” (Transformation through Smart Specialisation), a abertura da conferência esteve a cargo de Johannes Hahn, o comissário europeu para a Política Europeia de Vizinhança e Negociações de Alargamento e que tem também a seu cargo (interinamente e até ao fim do mandato da actual equipa da Comissão Europeia) a pasta da Política Regional. Com a mensagem, adoptada pela CE, de que nenhuma região deve ser deixada para trás, Johannes Hahn recordou as mudanças que a tecnologia tem trazido à forma de viver, de comunicar e até de nos deslocarmos. Num discurso em que focou as empresas e as suas necessidades e incentivou a cooperação entre as regiões, o comissário afirmou que vê com entusiamo o futuro, digital, verde e smart, e cheio de novas oportunidades.
A conferência foi também o local escolhido para a apresentação à imprensa do relatório da OCDE “Regiões em transição industrial. Políticas para pessoas e Locais”. A apresentação deste documento esteve a cargo de Joaquim Oliveira Martins, o director adjunto do Centro para o Empreendedorismo, PMEs, Regiões e Cidades da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), e Normunds Popens, director-geral adjunto da Direcção-Geral da Política Regional e Urbana da Comissão Europeia (responsável pelas políticas da CE relativa às regiões e cidades).
O relatório foi elaborado com base numa iniciativa lançada em 2017 pela Comissão Europeia, com o objectivo de ajudar dez regiões e dois Estados-Membros da União Europeia a realizar a transição industrial. O documento aponta agora o que foi identificado como sendo um bloqueio de crescimento daquelas regiões e refere quais as prioridades que as autoridades (nacionais e regionais) devem ter em conta para eliminar os obstáculos para a transição industrial. Assim, preparar os postos de trabalho para o futuro, alargar e difundir a inovação, promover o espírito empresarial e a participação do sector privado, transitar para uma economia com impacto neutro, em termos de clima, e promover o crescimento inclusivo foram as cinco prioridades principais identificadas, assim como os exemplos dos desafios políticos que lhes estão associados.
Joaquim Oliveira Martins considera que “é essencial que os líderes locais ajudem nesta transição”, afirmando que “a descentralização deve ser uma política económica”. O responsável da OCDE alertou também que a “fragmentação é o pior que pode existir para pôr em prática estas políticas”.
Com as mudanças que estão a transformar as regiões, as cidades, as sociedades, os empregos e o modo de vida, no geral, a terceira conferência Smart Regions ficou marcada pela certeza de que a união e a cooperação, seja entre a política nacional com a local, seja entre empresas e os órgãos de decisão e até mesmo entre regiões, são o caminho para alcançar uma transformação positiva, tanto para as populações como para o planeta.