“Quem Participa?” é o novo jogo desenvolvido pela Rede de Autarquias Participativas (RAP) com o objectivo de promover a inclusão cívica. Trata-se de uma iniciativa inovadora, que irá disponibilizar às autarquias da RAP um instrumento de auto-avaliação.
“Sem dispositivos concretos e intencionais, as práticas de participação das cidadãs e dos cidadãos na elaboração das políticas públicas tendem a espelhar e reproduzir as sub-representações existentes numa dada comunidade, diminuindo o potencial integrador e inclusivo”, refere a RAP, em comunicado.
Assim, no sentido de ajudar a colmatar esta situação, a RAP avançou com a criação de um jogo de tabuleiro destinado às autarquias, onde são disponibilizados 42 perfis pertencentes a grupos tendencialmente sub-representados.
Através da análise desses perfis, as equipas responsáveis por processos de participação cívica são convidadas a fazerem também um exercício diagnóstico e de auto-reflexão com dois propósitos: por um lado, perceber se as metodologias utilizadas para estimular a participação de cada perfil são as mais adequadas e, por outro, incentivar a adopção de medidas mais eficazes para promover a inclusão.
De acordo com o presidente da RAP e também da câmara municipal de Valongo, José Manuel Ribeiro, o “Quem Participa?” é uma “iniciativa inovadora sem paralelo noutros países”. O jogo será apresentado ao público nos próximos dias 17 e 18 de Março, em Valongo, durante o Fórum “Recuperar a Participação Cívica em Portugal”
Perfis sub-representados nos processos de participação cívica
Antes da criação do jogo, a RAP desenvolveu um trabalho com a colaboração das autarquias para perceber em que medida existe ou não inclusão social de grupos tendencialmente sub-representados em processos de participação. Esse trabalho, tanto de auto como de hetero-avaliação, está, aliás, compilado num livro.
Dessa investigação decorre uma lista de perfis mais susceptíveis à sub-representação nos processos de tomada de decisão política. Entre esses, a RAP aponta, no comunicado, para os seguintes: crianças, adolescentes, jovens, idosos, mulheres, pessoas com dificuldades de mobilidade, visão reduzida/cegos, surdas/surdas-mudas, problemas do foro psíquico, baixa alfabetização, provenientes de zonas rurais mais isoladas, estrangeiros, pessoas sem-abrigo, com alto poder de compra e minorias étnicas.