Mesmo com todos os benefícios económicos, se não for sustentável, a indústria do turismo pode ser bastante prejudicial ao planeta, isto porque é um dos sectores que gera mais desperdícios e com maior impacto negativo no meio ambiente. O alerta é dado por Arab Hoballah, director da Subdivisão de Consumo e Produção Sustentáveis do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP, nas siglas em inglês).
O responsável falava num debate sobre turismo sustentável, no âmbito do evento internacional “Implementação das Decisões do Rio+20 e Promoção das Cidades, Transportes e Turismo Sustentáveis”, que teve lugar em Bogotá (Colômbia) entre 10 e 12 de Agosto.
“Embora a indústria do turismo massivo impulsione a economia, há que reconhecer que é também a actividade económica que gera mais desperdícios dado o culto exagerado dos turistas ao consumo e ao uso pouco eficientes dos recursos”, acrescentou, por sua vez, o moderador do debate e economista alemão, Ralph Wahnschafft.
Numa troca de ideias que contou com representantes do governo colombiano, nomeadamente a vice-ministra do Turismo, Sandra Howard Taylor, a directora do Instituto Distrital de Turismo da cidade anfitriã, Tatiana Piñeros Layerde, e convidados internacionais de Marrocos e da Costa Rica, os especialistas chamaram à atenção para a necessidade de sensibilização dos prestadores de serviços turísticos para as questões do meio ambiente e racionalidade na utilização dos recursos, contribuindo simultaneamente para o combate à pobreza, crescimento económico e emprego.
O potencial do turismo sustentável como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento económico local e nacional foi opinião unânime entre os especialistas presentes, que sublinharam ainda a oportunidade, em termos de emprego e inclusão social, que este pode representar nas zonas urbanas e rurais onde não existem outras alternativas de actividade económica.
Sendo o local do evento, o exemplo de Bogotá não foi deixado de fora: com 70% do território rural, o turismo rural comunitário está a ser uma das apostas fortes da cidade, impulsionando também a inclusão social de pessoas que não participam em actividades económicas ligadas ao turismo.
“Os projectos de turismo rural comunitário em Bogotá promovem a conservação dos espaços naturais localizados na zona rural da cidade, definem uma nova proposta de produto turístico que diversifica a oferta tradicional, gere e desenvolve uma nova proposta de desenvolvimento económico lucrativo do território rural e capacita as comunidades rurais da sua cultura e saberes tradicionais e populares”, contou Tatiana Laverde.
“O mundo está a ficar cada vez mais urbanizado, à volta de 75% em 2050, com as devidas consequências na utilização de recursos, no crescimento económico, na produção de desperdícios e de emissões. Gerir uma cidade numa perspectiva de circulação e utilização de recursos representa muitos desafios, mas também muitas oportunidades, em particular pela aplicação do conceito de dissociação ao nível da cidade, pela manutenção ou melhoria da qualidade de vida, enquanto se usam/consomem menos recursos per capita/por produto e provocando um impacto menor no ambiente”, afirmou Hoballah.
O encontro de Bogotá, co-organizado pelo governo da cidade, UNEP e ONU-Habitat, aconteceu no seguimento das decisões tomadas na cimeira internacional de 2012 Rio+20, no Brasil.