O Laboratório Comunitário do Neiva é um dos seis projetos europeus apoiados pela Comunidade Novo Bauhaus Europeu (NEB), do EIT (Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia), no âmbito de uma iniciativa destinada a financiar “ideias que ajudem a moldar um futuro alternativo para a Europa”. O concurso tinha por objetivo escalar os melhores projetos Connect NEB e Co-create NEB, baseados nos eixos da sustentabilidade, inclusão e estética, e atribuiu 50 mil euros a cada eleito, além de mentoria e acesso a uma das maiores comunidades de inovação da Europa.

Dinamizado pela associação Rio Neiva e pelos municípios de Esposende e Viana do Castelo, este laboratório é um espaço de experimentação e de co-criação dedicado ao desenvolvimento sustentável da zona da foz do Rio Neiva, que abraça os dois concelhos minhotos.

Com este apoio financeiro, o projeto vai começar por reunir agentes de várias áreas de atuação para que, juntos, experimentem novas ideias que ajudem a dinamizar este território e, ao mesmo tempo, contribuam para o combate à perda populacional e de atividade económica que atingem as comunidades semi-rurais da região.

“No fundo, em vez de pré-definirmos um caminho a percorrer, vamos implementar coisas novas e trabalhar em conjunto com diversos atores, de forma a percebermos como é que se se podem criar estas novas dinâmicas”, diz Rui Monteiro, da Neiva – Associação de Defesa do Ambiente. Depois da escolha dos stakeholders e de uma fase de co-criação (como reuniões e workshops), a ideia “é chegar ao mês de maio com uma ficha de novos projetos” e começar a implementá-los gradualmente, sendo que o limite temporal do projeto é o ano de 2030.

Sobre as ações a desenvolver, Rui Monteiro adianta que algumas ideias e possibilidades já estão a surgir, relacionadas, por exemplo, com “a relação entre a Natureza e a saúde mental e o bem-estar, ou entre as comunidades e a água, mas também com modelos de negócio baseados na sustentabilidade ambiental, além de projetos que envolvam as escolas da região”. Certo é que “estas possibilidades vêm sempre bater à logica de um laboratório experimental em que, no fundo, o raciocínio parte do seguinte: já que estamos num território à escala local, devemos aproveitar essa mesma escala, não como um aspeto negativo, mas enquanto oportunidade de testar novas áreas de futuro”, acrescenta.

Do imaginário local para projetos no terreno

O Laboratório Comunitário do Neiva é o terceiro projeto da associação Neiva apoiado no âmbito do Novo Bauhaus Europeu. Primeiro, em 2021, foi a iniciativa “Estórias de ambos os lados”, destinada à criação de uma visão e narrativa coletiva sobre a foz do Rio Neiva, que resultou num documentário fotográfico e num livro. Estes tiveram como protagonistas várias pessoas da comunidade local, de diferentes idades, ligadas à agricultura, à pesca e às azenhas, entre outras atividades. “O mais interessante e curioso é que essas histórias que dali saíram têm vindo a alimentar praticamente, e desde então, todos os programas e projetos que temos feito na associação”.

Um deles, também apoiado pelo NEB, teve como objetivo experimentar e testar novas formas de contemplar a zona do Minante, junto ao rio, nomeadamente através dos trilhos e caminhos de ambas as margens. “Aqui existe uma azenha que surgiu, recorrentemente, como um local pelo qual a comunidade tinha muita estima, porque iam para lá nadar, namorar e fazer festas, além de também ter sido um espaço de trabalho. Por isso decidimos criar este projeto que celebra um espaço público que tantas memórias criou”, comenta Rui Monteiro. Daqui nasceram diversas ações e iniciativas, como workshops que criaram, por exemplo, uma bandeira comum do território ou construções em madeira que estão agora expostas no local.

Fotografia de destaque: © Ana Clara Roberti