Portugal lança esta segunda-feira o primeiro satélite desenvolvido em solo nacional. O satélite MH-1, um nano satélite 3U Cub para aplicações científicas na área do oceano, será lançado a partir da base da Space-X, na Califórnia, EUA, se as condições meteorológicas assim permitirem.

“É o primeiro nano satélite desenhado, desenvolvido, fabricado e com as estações de operações terrestres totalmente feitas em Portugal. Isto é o resultado de uma parceria entre Portugal e o MIT, e é também um importante passo para a criação de novos postos de trabalho e para a formação de melhores líderes para o futuro”, sublinhou Dava Newman, do Massachusetts Institute of Technology, instituição, nos EUA, que desenhou, definiu a missão e acompanhou o desenvolvimento do projeto, que começou em 2020.

O MH-1 resulta do projeto Aeros, financiado pelo PT2020, iniciado em 2020 por uma parceria internacional entre o CEiiA, a Thales Edisoft e o MIT, envolvendo a Spinworks, a Dstelecom e as universidades do Minho, Porto e Algarve. Além do Instituto Superior Técnico, o Colab +Atlantico, a Okeanos e o Air Centre.

O CEiiA foi responsável pela integração completa do satélite, desde a sua conceção até ao lançamento, incluindo os procedimentos para o registo envolvendo a ANACOM, e operação. A Thales desenvolveu o software e o ground station e fez os primeiros testes após o lançamento e o primeiro ciclo de operação. O satélite está equipado com uma câmara hiperespectral da Spinworks, enquanto as comunicações têm a marca da DST.

“O projeto Aeros é um excelente exemplo da importância das parcerias internacionais de ciência, tecnologia e inovação. O desenvolvimento do satélite MH1 permitiu criar capacidade e uma base de competências ao longo de todo o processo de desenvolvimento de satélites de nova geração, desde a definição da missão, passando pelo desenvolvimento, engenharia, integração e testes de sistemas, até ao processo de lançamento e à operação, sendo precursor do que se está hoje a construir no Novo Espaço, a partir do CEiiA com a OHB e a Opencosmos”, disse José Rui Felizardo, CEO do CeiiA.

“Estamos muito orgulhosos de ser parceiros e de ter trabalhado no projeto. A investigação e o desenvolvimento técnico e tecnológico do projeto Aeros superaram todas as nossas expectativas, pois passou de um protótipo para um sistema voador no espaço”, disse Dava Newman, do MIT.

“É importante ressaltar que o CEiiA viabilizou o lançamento do satélite, demonstrando a importância de fazer a ponte entre a academia e a indústria para nos lançar no nosso futuro espacial. É por isso que a parceria entre as instituições portuguesas e as nossas universidades internacionais como o MIT é essencial e deve ser mantida. Resulta na formação e empregos altamente qualificados de uma nova geração de engenheiros líderes de sistemas multidisciplinares do nosso futuro espacial e do nosso futuro aqui na Terra. Estamos a formar os futuros líderes em setores importantes como clima, espaço, oceanos, urbanismo, mobilidade e energia”, acrescentou a professora do MIT.

O MH-1 é um pequeno passo de uma estratégia bastante mais alargada na área do Espaço que envolve o desenvolvimento da primeira família de satélites de alta e muito alta resolução, que está já em desenvolvimento em Portugal, a partir do CEiiA com a alemã OHB e a inglesa Open Cosmos.

Esta nova geração de satélites irá substituir os atuais satélites operados pela portuguesa Geosat, que é, a par da Airbus, um dos dois operadores de satélites de muito alta resolução da Europa, e fazem parte da participação portuguesa da Constelação do Atlântico.