Três projetos nacionais estão entre os 50 finalistas dos Prémios Novo Bauhaus Europeu, uma iniciativa da Comissão Europeia que reconhece os melhores exemplos e soluções de sustentabilidade, estética e inclusão. Nesta quarta edição, Portugal volta a ser um dos países com mais nomeações, superado apenas por Espanha e Ucrânia, e com o mesmo número de finalistas da Alemanha. No total, entre vencedores e segundos classificados, vão ser atribuídos 20 galardões, distribuídos por quatro categorias principais e uma nova dedicada à Ucrânia, todas com duas vertentes distintas.
Entre os nomeados portugueses está o projeto “O ciclo da lã no Barroso”, candidato na categoria “Recuperar um sentimento de pertença”, na vertente A – “Campeões do Novo Bauhaus Europeu” (para projetos já implementados). Desenvolvido na freguesia de Cabril, Montalegre, tem como objetivo recuperar práticas e saberes relacionados com os processos de produção artesanal da lã e do burel, bem como valorizar as comunidades locais e potenciar a identidade do território do Barroso. Este projeto concorre ao prémio final com mais nove selecionados de outros tantos países: Finlândia, Espanha, Bósnia e Herzegovina, Letónia, Países Baixos, Malta, Chéquia, Eslovénia e Bulgária.
Já na vertente B – “Estrelas Ascendentes do Novo Bauhaus Europeu” (para conceitos em diferentes fases de desenvolvimento) foram escolhidas duas candidaturas portuguesas, ambas da região de Lisboa. Uma delas é o projeto “HIdroscape Lisbon”, pertencente à categoria “Reconectar com a Natureza”, que parte de um trabalho desenvolvido pela estudante de arquitetura Ioulia Voulgari. Este assenta na criação de um parque urbano e de um centro de tratamento de água que “celebrem os recursos hídricos urbanos e chamem a atenção para questões importantes da vida urbana e da sustentabilidade”, ajudando a abrir a zona portuária da cidade ao público. “Como pode a água atuar como ferramenta perante as alterações climáticas?” é uma das perguntas levantadas por este projeto, cuja missão passa igualmente por “reformular a relação com a água numa escala territorial e humana”.

Lisboa é também o palco do terceiro projeto português a figurar na lista de finalistas, este na categoria “Dar forma a um ecossistema industrial circular e apoiar o pensamento do ciclo de vida”. Intitulado “Urban_MYCOskin”, é uma proposta de bio-arquitetura que utiliza as raízes de cogumelos (micélios) para criar um material composto leve, biodegradável e bio-recetivo, que cruza a formação de tecidos de compósitos de micélio e a impressão robótica em 3D. Como resultado, acrescentam os promotores, ajuda a “reciclar não só os resíduos agrícolas, mas também os fluxos de resíduos urbanos, como os resíduos têxteis, transformando-os em materiais primários valiosos”.
Os vencedores de cada categoria na vertente A e do prémio “Reconhecimento Especial dos Esforços de Reconstrução e Recuperação da Ucrânia” recebem 30 mil euros e os segundos classificados têm direito a 20 mil euros (15 mil no caso do galardão relacionado com a Ucrânia). Já na vertente B, o prémio é de 15 mil euros para os vencedores e de 10 mil euros para os segundos classificados. Serão também escolhidos dois vencedores por votação pública para cada vertente. Além do prémio monetário, os 20 distinguidos terão ainda direito a um pacote de comunicação que ajude a desenvolver e a promover os seus projetos e conceitos.
Os premiados são anunciados a 12 de abril, durante o Festival Novo Bauhaus Europeu, em Bruxelas, que terá como lema “Recursos para todos”. Esta edição, aberta a projetos dos 27 Estados Membros da UE, de seis países parceiros dos Balcãs Ocidentais e da Ucrânia, recebeu mais de 530 candidaturas. Todos os finalistas podem ser conhecidos na página dos prémios, onde também é possível participar na votação do público.
Fotografia de destaque: © Urban_MYCOskin