Portugal é um país de cidades de média e pequena dimensão, mas, mais do que uma barreira, isso deve ser encarado como uma vantagem. Esta é, pelo menos, a opinião de Miguel Pinto Luz, vice-presidente da câmara municipal de Cascais, e de alguns especialistas que participaram, na última terça-feira, na conferência “Cidades Inteligentes: Um novo centro de competências em Portugal?”, organizada pela plataforma Portugal Agora, em Lisboa.
“A dimensão das cidades portuguesas é a ideal para testar todas estas tecnologias [inteligentes] e permite aos autarcas, como eu, perceber o que está a acontecer na cidade. Portugal pode ser o sítio ideal para testar soluções e escalá-las para o mundo”, afirmou o responsável cascalense. Miguel Pinto Luz disse ainda acreditar que o município se encontra na “3ª geração de smart cities”, correspondendo a uma fase em que as soluções para os problemas e desafios resultam da “co-criação com os cidadãos”.
Cascais posiciona-se como uma “smart city desde a sua criação”, há mais de 650 anos, e como uma “terra de early adopters” e, por isso, a experimentação de novas soluções tecnológicas tem sido uma bandeira do concelho, que tem já cerca de um milhão de sensores instalados e dispõe de um Centro de Operações preditivo. Ainda assim, o autarca alerta: “De nada vale ter uma cidade inteligente, se não tivermos uma missão a dar aos nossos colaboradores, concidadãos e a quem nos visita – fazer de Cascais o melhor local para viver”.
Para além do testemunho de Miguel Pinto Luz, o encontro contou com a participação de Inês Ferreira da Altice Portugal, Gonçalo Regalado do Millennium BCP, Nuno Almeida da Samsung Electronics Portugal e Luís Bravo Martins do IT People Group. Internet of Things (IoT), 5G, mobilidade e desmaterialização nos pagamentos, possibilidades de financiamento e tendências para o futuro foram temas centrais, cujo debate veio reforçar o potencial nacional para a criação de um centro de competências na área das cidades inteligentes. Para o representante da gigante sul-coreana, para além da dimensão para ser um test bed, Portugal tem também “fantásticos” recursos humanos qualificados, mas é preciso transformar a criação deste centro de competências num desígnio. “É fundamental criarmos este cluster e centro de competências, mas, se o objectivo comum não existir, isso dificilmente vai acontecer”, exclamou Nuno Almeida.
A conferência “Cidades Inteligentes: Um novo centro de competências em Portugal?” foi organizada pelo Portugal Agora, um movimento de cidadãos que “se propõe a reflectir sobre os desafios e questões da actualidade, através de propostas concretas”, explicou Carlos Sezões, coordenador do Portugal Agora. “A tecnologia actual apresenta-nos possibilidades de inovar na gestão urbana de forma nunca antes vista: no planeamento de espaços, numa maior conectividade entre pessoas e instituições, na busca de soluções que maximizem a eficiência energética, na gestão de resíduos e sustentabilidade ambiental, em novos modelos de mobilidade urbana e mesmo na alavancagem da uma cidadania mais activa. Todas estas dimensões se conjugam nas chamadas smart cities”, concluiu o responsável.
Foto: ©Portugal Agora