Nova Iorque quer estar preparada para os desafios do futuro e, para isso, identificou um conjunto de iniciativas que pretendem fazer da cidade norte-americana uma referência global em matéria de inteligência urbana. A estratégia, promovida pela administração do mayor Bill de Blasio, valeu-lhe o título de “Best Smart City of 2016”, atribuído, na semana passada, em Barcelona, nos Global Smart City Awards. Os prémios das outras duas categorias, “Smart Project” e “Innovative Global South”, foram atribuídos a empresas da Áustria e do Quénia, respectivamente.
Foi o plano “Smart City, Equitable City” (Cidade Inteligente, Cidade Igualitária), do gabinete de tecnologia e inovação da câmara municipal nova-iorquina, a merecer o mais importante reconhecimento na cerimónia de entrega de prémios da maior conferência mundial de cidades inteligentes, a Smart City Expo World Congress (SCEWC).
O objectivo é ambicioso: fazer da cidade de Nova Iorque uma referência global no campo das tecnologias inteligentes, através de quatro pilares fundamentais – a expansão da conectividade para todos os cidadãos, o crescimento do ecossistema da economia de inovação, a criação de um programa orientador para tecnologias inteligentes que ofereça soluções para melhorar serviços públicos e melhorar a vida dos nova-iorquinos, e, por fim, o desenvolvimento de uma estratégia responsável pela implementação de dispositivos conectados na Internet das Coisas (IoT).
Instalar sensores nas ruas que permitirão melhorar os níveis de segurança pública e garantir o acesso a Internet de alta velocidade a todos os residentes e a todos os negócios da cidade são apenas algumas das iniciativas previstas pelo plano estratégico municipal. Algumas delas estão já em execução. Exemplo disso mesmo é a iniciativa LinkNYC, que visa transformar dez mil cabines telefónicas antiquadas das ruas de Nova Iorque numa moderna rede de comunicações capaz de oferecer, sem quaisquer custos para o utilizador, acesso a uma rede pública de Wi-Fi de alta velocidade, chamadas telefónicas, carregamento de dispositivos eléctricos e acesso a serviços públicos da cidade. O Marketplace.nyc e o Urbantech NYC são outras das novidades apresentadas pela cidade. O primeiro é uma ferramenta digital que auxilia agências governamentais na procura de soluções inteligentes para as cidades, oferecendo às empresas da área das smart cities um palco para a divulgação dos seus produtos. O segundo é um programa de aceleração que disponibiliza, de forma acessível, mais de nove mil metros quadrados de espaço de trabalho e equipamento para ajudar empreendedores a desenvolver e construir soluções inteligentes e sustentáveis para os mais prementes desafios urbanos, nos mais diversos campos, como energia, tratamento de resíduos, mobilidade e agricultura urbana.
O empenho da administração de Bill de Blasio em matéria de inovação tecnológica não é novidade. Na edição de 2014 da Internet Week, o mayor nova-iorquino reconhecia a sua importância ao serviço das cidades: “A tecnologia é essencial para solidificar a posição de Nova Iorque enquanto cidade do século XXI. Não só porque atrai bastante investimento e emprego, mas porque as cidades de sucesso crescem sempre com a disrupção que a novidade tecnológica traz.”
Na cerimónia de entrega dos Global Smart City Awards, o prémio da categoria “Innovative Global South”, em parceria com o programa Habitat III da ONU e atribuído pela primeira vez este ano, foi entregue à empresa queniana Microclinic Technologies, pelo projecto “Kenya Transforming Healthcare”, que digitalizou a operação de doze unidades de saúde do país, que agora usufruem do potencial das tecnologias de informação, para consultas remotas e treino médico. Na categoria “Smart Project”, foi premiada a empresa austríaca Aspern Smart City Research Gmbh & co KG, pelo projecto “Integrated Energy Research for the future”, que pretende implementar um sistema de optimização no domínio dos edifícios inteligentes, redes inteligentes e tecnologias de informação e comunicação inteligentes em três edifícios de usos mistos. O objectivo é optimizar o consumo de energia e minimizar as emissões poluentes.
A sexta edição da Smart City Expo World Congress, que decorreu entre 15 e 17 de Novembro, voltou a crescer. De acordo com a organização da Fira Barcelona, passaram, pela conferência mundial, 16 688 visitantes de mais de 600 cidades e mais de 420 oradores.