No próximo ano, Sintra vai inaugurar um novo espaço museológico dedicado ao ambiente: o Museu da Água e Resíduos (MAR) foi anunciado, esta quarta-feira, durante a conferência dos 75 anos dos SMAS – Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra. O evento, que decorreu no Centro Cultural Olga Cadaval, foi também ocasião para o presidente da câmara municipal de Sintra, Basílio Horta, reforçar a intenção do município de colocar “o ambiente na primeira linha da agenda” do concelho.

Durante o encontro, cujo mote foi “75 Anos ao serviço de Sintra/No caminho da Ciência” e no qual estiveram também presentes a cientista Elvira Fortunato e o director delegado dos SMAS de Sintra, Carlos Vieira, foi anunciada a criação do novo museu, que ocupará as instalações da Oficina da Ciência na Ribeira de Sintra. Com inauguração prevista para 2022, o município pretende que este seja “um pólo de referência nas áreas de educação e sensibilização ambiental e divulgação científica/tecnológica no âmbito do ciclo urbano da água e dos resíduos”.

O MAR vai ser gerido pelos SMAS de Sintra, a quem cabia já a gestão da Oficina da Ciência, numa decisão do município alinhada com “a missão de serviço público” da entidade na área ambiental, não só no que se refere ao abastecimento de água, à drenagem e ao tratamento de águas residuais e à recolha e ao transporte de resíduos urbanos, mas também na componente de educação e sensibilização.

Durante o evento, Basílio Horta fez questão de enaltecer o trabalho feito ao longo dos 75 anos e reforçou a confiança nos SMAS de Sintra para um “novo passo” que se prende com a componente de sensibilização ambiental e que se materializa também na gestão do MAR. “A aposta dos SMAS de Sintra, ao assumirem a gestão do espaço, passa por desenvolver uma actuação cada vez mais pedagógica, didáctica e interveniente, no âmbito da educação e sensibilização ambiental e da divulgação científica e tecnológica em relação ao ciclo urbano da água e dos resíduos, destinada ao público em geral e, em particular, à comunidade educativa”, disse, em comunicado, o governante.

Segundo os SMAS de Sintra, o MAR vai ser dotado de “um serviço educativo para fomentar a interligação com os estabelecimentos de ensino e constituirá ainda um excelente meio de dar a conhecer o trabalho desenvolvido” pela entidade. “Este projecto será uma mais-valia para o município de Sintra, tornando as instalações da Ribeira de Sintra num local atractivo e inovador a nível local, nacional e internacional, através da implementação de uma programação variada”, referiu Carlos Vieira.

Ainda antes da abertura do MAR no próximo ano, o espaço SMAS na Ribeira de Sintra vai acolher duas exposições – “Monstros Marinhos” e “Mar de Plástico” –, cuja inauguração está agendada para o dia 27 de Novembro.

Ambiente é prioridade para os sintrenses

Perante uma plateia composta, na maioria, por alunos das escolas do concelho, o autarca de Sintra aproveitou a conferência para sublinhar o compromisso do município com o ambiente. “A parte ambiental tem de estar na primeira linha da nossa agenda (…) temos dado prioridade a essa matéria e vamos continuar a fazê-lo”, garantiu o autarca, admitindo que, embora a grande diversidade do concelho traga alguma “complexidade” à governação, é também “estimulante”. “[O direito ambiental] Tem de ser um direito tanto de quem vive na casa mais aristocrática do concelho, como de quem vive na casa mais modesta da Tapada das Mercês”, referiu Basílio Horta.

Segundo o autarca, esta orientação dá continuidade ao trabalho já feito pela autarquia e que pode ser visto, por exemplo, no “investimento feito nos espaços verdes”, com destaque para o projecto intermunicipal Eixo Verde e Azul e para o parque urbano da Serra da Carregueira, na “ligação que o ambiente tem às escolas” e na “preservação do território”, que se reflecte nas opções do Plano Director Municipal (PDM). O instrumento de gestão territorial de Sintra foi aprovado em finais de 2019 e, segundo o governante, trata-se de uma ferramenta para “gerir o território com bom senso, para as pessoas, mas também para o futuro do território”.

Para além do ambiente, o encontro organizado pelos SMAS de Sintra deu também enfoque à ciência e, para isso, contou com a presença da cientista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa Elvira Fortunato. A também vice-reitora da NOVA, que venceu, no ano passado, o prémio Horizon Impact Award da Comissão Europeia, partilhou algumas das possibilidades trazidas pela investigação que tem realizado na área da nanotecnologia, em particular para os temas do ambiente e da saúde, e terminou a sua apresentação com algumas recomendações para os estudantes da audiência: “trabalhem em equipa” e “não tenham complexos nem de inferioridade, nem de superioridade” [relativamente aos cientistas de outros países].