Os municípios de Faro e Óbidos são os grandes vencedores do projecto Living Streets em Portugal, iniciativa que convida os municípios à criação de locais de convívio e experimentação no espaço público até aqui ocupado pelos automóveis. No total, foram recebidas 13 candidaturas nacionais e as duas propostas vencedoras vão receber 20 mil euros cada uma.
Os vencedores foram conhecidos na última sexta-feira, num anúncio feito pela Oeste Sustentável Agência Regional de Energia e Ambiente do Oeste, entidade responsável pela recepção das candidaturas em Portugal ao projecto que conta com o financiamento do programa EUKI (Iniciativa Europeia para o Clima), do Ministério Federal do Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha. As intervenções devem agora ser desenvolvidas entre o próximo mês de Dezembro e Outubro de 2021.
Faro foi a proposta portuguesa com a pontuação mais elevada. A primeira living street algarvia vai ser criada na rua Caldas Xavier, transformando um espaço público que está, neste momento, inteiramente dedicado a estacionamento automóvel, num espaço verde e de convívio, livre de carros. A intervenção vai obrigar à requalificação do local, que passará a ser utilizado para convívio e outras actividades ao ar livre.
No segundo lugar, ficou Óbidos, cuja living street será um espaço para actividades desportivas, musicais, culturais e ambientais, convidando ao envolvimento do cidadão. A intervenção está projectada para uma das zonas nobres da vila, à entrada da muralha, entre a rua Porta da Vila e a rua do Cemitério.
Para além de Faro e Óbidos, o convite para a criação de living streets lançado em finais de julho levantou ainda interesse às autarquias do Bombarral, Caldas da Rainha, Cascais, junta de freguesia da Ajuda (Lisboa), Leiria, Peniche, Ponta Delgada, Torres Vedras, Valongo e Setúbal (que apresentou duas candidaturas). Depois de um empate na primeira fase, a vila de Óbidos teve de disputar o segundo lugar com Torres Vedras, acabando por levar a melhor. No entanto, para a cidade das Agostinhas, há ainda a possibilidade de repescagem para um possível financiamento no âmbito do mesmo programa.
As candidaturas foram avaliadas por um júri convidado constituído por representantes de três entidades – Associação de Desenvolvimento Rural LEADEROeste, Águas do Tejo Atlântico e ATTCEI – Associação de Transferência de Tecnologia e Conhecimento para Empresas e Instituições. Já na segunda fase, coube aos parceiros do projecto, nomeadamente Energy Cities, Sustainable Cities (Grécia) e Terra Hub (Croácia), analisar as candidatuas e tomar a decisão final sobre as acções a financiar.
No âmbito do Living Streets, a experiência de intervenção no espaço público pretende explorar “um novo urbanismo”, procurando dar lugar à interacção social em espaços anteriormente ocupados pelo automóvel. A iniciativa nasceu em 2013 na cidade belga de Ghent, pelas mãos dos próprios habitantes e comerciantes, proporcionando um espaço de discussão sobre “como repensar a forma de organização das ruas” tendo sido, até ao momento, replicada em várias cidades europeias.