Os transportes públicos colectivos em Lisboa podem vir a ser gratuitos para os residentes mais novos e os mais velhos na cidade já no início do próximo ano lectivo. A proposta foi ontem aprovada por unanimidade pela câmara municipal de Lisboa, seguindo agora para votação em assembleia municipal. Para o presidente da câmara municipal, Carlos Moedas, a medida é “histórica e inédita” e pode “posicionar Lisboa na Liga dos Campeões contra as mudanças climáticas”.

A proposta estabelece a gratuitidade dos transportes públicos colectivos em Lisboa para os estudantes até aos 23 anos e para os maiores de 65 anos residentes na cidade. O anúncio da aprovação da medida, que terá um custo anual de 14,9 milhões de euros, foi feito pelo autarca da capital ao início da tarde de ontem, após reunião do executivo municipal. “É um dia histórico para a nossa cidade”, disse o Carlos Moedas, apontando a decisão como “inédita” para os lisboetas e com “muito significado no posicionamento de Lisboa para o mundo e para os seus cidadãos”.

A proposta será agora submetida a votação em assembleia municipal, esperando-se que a medida entre em vigor nos próximos meses. “Para mim, seria o mais depressa possível”, disse o autarca, ressalvando que há, no entanto, passos legais e tecnológicos a cumprir. “Junho ou Julho será uma vitória”, disse aos jornalistas, admitindo a vontade de que os estudantes possam beneficiar da medida já no início do próximo ano lectivo, em Setembro.

Embora não haja um número certo de quantas pessoas serão abrangidas pela medida, Carlos Moedas explicou que a estimativa deverá ter em conta o facto de, na cidade, residirem cerca de 144 mil pessoas com mais de 65 anos, embora nem todas com mobilidade, e à volta de 100 mil jovens. Os beneficiários serão aqueles que, já hoje, têm os passes 4_18, sub23 e +65, sem haver necessidade de alterar os títulos, mas a expectativa, sublinha o autarca, é a de que a medida leve “mais pessoas a usar o passe”, estando prevista uma monitorização “mês a mês” da iniciativa.

No futuro, há também a possibilidade de a medida ser alargada a mais pessoas. “Eu vou estar sempre a favor desse alargamento”, afirmou, ressalvando a importância da “sustentabilidade financeira” de uma proposta deste tipo. Convicto de que “os transportes públicos devem ser tendencialmente gratuitos”, até a nível nacional, o governante lisboeta admite que, em termos de sustentabilidade financeira, isso “não é ainda possível”. No entanto,  esta medida, considera, é um “primeiro sinal importantíssimo” dado por Lisboa nesse sentido.

Apesar de estar à frente da câmara municipal há poucos meses, Moedas disse também que esta “é a medida mais importante” do seu mandato. As razões prendem-se não só com o facto de esta ser uma acção inédita e que “muito poucas cidades na Europa têm coragem para fazer” no âmbito do que é o combate à crise climática, mas também porque foi uma decisão unânime. “É uma medida construída por todos aqueles que estão à volta da mesa neste executivo, de todos os partidos”, explicou, acrescentando que “não houve posições partidárias; houve [sim] uma posição ‘Lisboa’”.

Por fim, o autarca sublinhou ainda o pioneirismo da capital portuguesa, uma vez que a medida posiciona “Lisboa na Liga dos Campeões contra as mudanças climáticas”, podendo ser um exemplo não só nacional, mas também internacional.

“As cidades são a plataforma do concreto [no que se refere ao combate às alterações climáticas]. Nós aqui conseguimos fazer concretamente uma medida que vai ser muito importante nesse combate”, concluiu.

 

Fotografia: © Carris