Em três dos “pilares” do sector público – administração pública, transportes públicos e saúde pública – é o último aquele que, a nível europeu, regista a mais elevada taxa de adopção de soluções baseadas em inteligência artificial (IA). A conclusão é do recém publicado estudo Inteligência Artificial no Sector Público, desenvolvido pela tecnológica Microsoft e pela consultora EY, e que aponta que Portugal está ainda “na fase de experimentação” deste tipo de soluções.

O estudo Inteligência Artificial no Sector Público analisou a implementação de IA nos sectores públicos de 12 países europeus (entre os quais Portugal, Espanha, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Itália, Noruega ou Suécia) e contou com a participação de 23 entidades portuguesas e “mais de 200” europeias. Orientado para as áreas da administração pública, transportes públicos e saúde, as conclusões revelam que, entre estas, é a área da saúde aquela com “a maior taxa de adopção de IA, com 71% dos inquiridos a responderem que já implementaram uma ou mais utilizações de IA”.

Em Portugal, a aplicação deste tipo de soluções ainda está aquém da média verificada nos restantes países europeus participantes no estudo: 50% dos inquiridos portugueses revelaram não ter implementado IA “em nenhuma área da organização”, comparativamente com a média dos restantes países europeus, de apenas 28%.

O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), uma das entidades participantes, “reconheceu o papel da IA na formação de futuros médicos”, admitindo que a aplicação de soluções baseadas na inteligência artificial permite “aumentar a eficiência” e facilita, aos profissionais, o “acesso mais rápido ao conhecimento”. Em nota de imprensa, a Microsoft sublinha o facto de o CHUSJ ter em curso um “projecto de codificação clínica” que irá “permitir que mais processos internos sejam optimizados eficientemente”. Outro dos participantes portugueses, o Instituto da Segurança Social (ISS), destaca-se pelo uso de tecnologias de machine learning para o seu chatbot de atendimento. Este serviço de atendimento está disponível a qualquer hora e dá resposta “a questões práticas”.

Entre os dados recolhidos pelo estudo referentes à realidade nacional, destaca-se ainda o facto de 54% dos inquiridos dar conta de “estruturas de IA limitadas”, face aos 48% da média europeia. Sobre a realidade europeia, o estudo mostra que “apenas 11%” dos funcionários de entidades públicas entendem ser “altamente competentes em conhecimentos de IA”.

A partir das “mais de 200” entidades europeias integrantes do estudo, conclui-se que 65% encara a inteligência artificial como “uma prioridade digital” e 67% confirma ter recorrido a soluções de IA.