Porto, Guimarães e Valongo foram escolhidas para fazer parte da iniciativa europeia 100 Intelligent Cities Challenge (ICC). Durante os próximos dois anos, as cidades portuguesas juntam-se a uma rede de mais de uma centena de municípios e vão partilhar experiências e receber mentoria e orientações para acelerar o desenvolvimento inteligente e sustentável dos seus territórios.

Ao todo, são já conhecidas 88 cidades que vão participar no ICC. A presença do município do Porto nesta lista foi apenas conhecida esta manhã, com a Invicta a integrar o lote de cidades mentoras do ICC, do qual fazem também parte Aarhus, Amesterdão, Antuérpia, Barcelona, Espoo (consórcio), Hamburgo, Nice e Rijeka. Nos próximos dias, deverão ser anunciados os restantes dez municípios internacionais participantes.

Guimarães é uma das 26 candidatas que tinha já participado, em 2018, no Digital Cities Challenge, programa que antecedeu o ICC. “Esta iniciativa representa uma oportunidade de Guimarães se diferenciar, uma vez mais, neste novo paradigma urbano, adoptando iniciativas de inteligência urbana para promover uma mais eficiente utilização de recursos para fazer face a situações pandémicas, como a que vivemos actualmente”, afirmou à Smart Cities o vereador Ricardo Costa, que tem a seu cargo o pelouro dos Sistemas Inteligentes, entre outros. “Com recurso à partilha de experiências, implementação de projectos inovadores e transformadores e fomentando a utilização de soluções tecnológicas avançadas, pretendemos com o ICC dar resposta aos problemas que actualmente enfrentam os centros urbanos, nomeadamente nos domínios da sustentabilidade, economia, responsabilidade social, melhoria da qualidade vida, inovação entre outros, inspirados nos 17 Objectivos para o Desenvolvimento Sustentável previstos no âmbito da iniciativa agenda 2030 da ONU”, continuou.

Nos últimos anos, a cidade vimaranense tem apostado na transformação digital, destacando-se com projectos nas áreas da comunicação em redes 5G e da digitalização dos processos urbanísticos. Em finais de Maio, o município anunciou a implementação de um projecto de gestão de estacionamento inteligente na cidade que permite a monitorização em tempo real de mais de 900 lugares de estacionamento. A ambição, refere Ricardo Costa, é a de “afirmar a cidade como laboratório de futuro, convidando os cidadãos, a academia, os centros de conhecimento e as empresas, a experimentar e co-criar, com vista à inovação e à transformação da cidade, numa cidade inteligente”.

“Com base num modelo híbrido, de hélice quadrupla, que combina uma infra-estrutura física de desenvolvimento e produção de conhecimento e uma metodologia de laboratório vivo para a experimentação, concertando os desafios (ou projectos transformadores) e o espaço urbano de intervenção (ou seja, onde serão implementados os pilotos), pretende criar-se um ambiente de inovação tecnológica, capaz de desenvolver, integrar e implementar soluções para ajudar as cidades a abordar os desafios globais com que as comunidades se deparam numa óptica de inovação para o futuro e para os seus cidadãos”, aponta o autarca.

Por sua vez, Valongo faz, em 2020, a sua estreia neste desafio. “A presença do município de Valongo nesta rede de cidades inteligentes é crucial para desenvolvermos uma visão macro do potencial do nosso território, numa perspectiva global, integrada, inteligente, ecológica, sustentável e tecnológica, e, acima de tudo, usufruir dos recursos que são disponibilizados às cidades participantes”, refere José Manuel Ribeiro, presidente da câmara municipal de Valongo, em nota no portal da autarquia.

Valongo tem como objectivo dar a conhecer “mais e melhor o território, o seu património natural, cultural e as suas dinâmicas territoriais, investindo na promoção do turismo inteligente e sustentável, com o compromisso de proteger o meio ambiente e preservar a natureza, incentivando à participação activa da própria comunidade, ao uso eficiente dos recursos, a fim de promover o bem-estar, a saúde e a segurança dos cidadãos”. Para o autarca de Valongo, esta é uma oportunidade para a gestão activa e sustentável do território e para a redefinição de estratégias de acordo com os dados obtidos, ao nível do turismo, meio ambiente e da segurança. José Manuel Ribeiro afirmou ainda que o projecto deverá contribuir “vivamente para promover uma cidadania ambiental activa e inclusiva”.

O arranque das actividades no âmbito do ICC está agendado para a semana de 28 de Setembro e, a par da mentoria, as cidades vão participar em formações de grupo, eventos e acções de planeamento colectivo com vista à mudança em larga escala.

O ICC é a iniciativa da Comissão Europeia que sucede ao Digital Cities Challenge, criado em 2017 para ajudar 41 cidades a “transformar as suas políticas digitais”. Nesta renovação do desafio, a participação foi alargada a 100 cidades com mais de 50 mil habitantes ou consórcios de cidades, sendo que o objectivo continua a ser apoiar centros urbanos nos domínios da sustentabilidade ambiental e da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos através da implementação de soluções tecnológicas.

Em 2020 e depois de um alargamento do período das candidaturas devido à pandemia de Covid-19, o concurso recebeu 130 manifestações de interesse de 192 cidades de 20 países da União Europeia e Reino Unido. Entre os finalistas, contam-se oito consórcios, que incluem cidades parceiras, o que faz o número de municípios a integrar o ICC ascender a 124.