O município de Guimarães é, este ano, o único representante português entre as 119 cidades mundiais líderes na ação e transparência climática, de acordo com o Carbon Disclosure Project (CDP). A organização internacional divulgou ontem a lista anual de cidades com um desempenho “A” e o concelho minhoto está entre as eleitas, repetindo a nomeação de 2022. Já Lisboa e Porto, que também integraram a lista no ano passado, desta vez não fazem parte.
Das 939 cidades pontuadas em 2023, apenas 13% obteve a melhor classificação, atribuída aos municípios que adotam quatro vezes mais medidas de mitigação e adaptação do que as restantes. Destes, apenas 22 pertencem à Europa, com Guimarães a fazer parte de um grupo restrito onde também estão Atenas, Barcelona, Copenhaga, Helsingor, Lund, Madrid, Malmo, Mannheim, Milão, Múnster, Oslo, Paris, Reiquiavique, Saragoça, Estocolmo, Tampere, Trondheim, Turim, Turku, Uppsala e Vantaa.
O ranking do CDP teve em consideração diversos fatores, como a divulgação pública de um plano de ação climática e de outros dados, a criação de um inventário de emissões à escala comunitária e uma avaliação completa de riscos e vulnerabilidade climática. A estes, junta-se também o empenho político no combate às alterações climáticas.
Em comunicado, a autarquia vimaranense diz que “Guimarães e as outras 118 cidades na Lista A deste ano demonstram que a ação climática urgente e com impacto – desde os objetivos ambiciosos de redução de emissões até à criação de mecanismos de resiliência contra as alterações climáticas – é viável a nível global e em cidades com diferentes realidades e prioridades climáticas”. Para o município, a “atribuição da pontuação máxima a Guimarães no parâmetro da ação climática pelo CDP é mais uma validação do compromisso da cidade com a sustentabilidade”.

Entre as iniciativas desenvolvidas nesta área, a câmara municipal destaca, por exemplo, a candidatura a Capital Verde Europeia 2026, a participação no programa Pilot Cities e os projetos “Guimarães Desporto Carbono Zero”, RRRCICLO (dedicado à economia circular), e MUFPP (Milan Urban Food Policy Pact), que prevê o desenvolvimento de sistemas alimentares locais mais sustentáveis.
Europa mais representada
Depois das 37 cidades europeias nomeadas para a lista “A” em 2021 e das 21 em 2022, o Velho Continente tem agora 22, o que representa um ligeiro aumento. Em 2023, estas representam 20% do total de municípios europeus que apresentaram relatórios e foram pontuados (112).
A maioria das cidades europeias eleitas é nórdica, uma vez que 12 pertencem à Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia ou Islândia. Já a Península Ibérica está representada com quatro municípios: além de Guimarães, também figuram na lista Madrid, Saragoça e Barcelona.
Mais de 80% das cidades europeias da lista “A” têm menos de 1 milhão de habitantes, o que para o CDP demonstra que “as cidades não precisam de ter os vastos recursos e financiamentos das capitais para mostrarem liderança ambiental.” Segundo Maxfield Weiss, Diretor Executivo do CDP Europa, “é especialmente animador ver tantas cidades mais pequenas na lista A da Europa deste ano. Agora, as cidades devem acelerar os seus esforços para alcançar a neutralidade carbónica.” Para ele, apesar de 2023 ter sido um ano de recordes de temperatura e de fenómenos climáticos extremos, o facto de haver tantas cidades europeias “oferece um raro vislumbre de esperança ao celebrar aqueles que estão na liderança pelo exemplo com ações tangíveis e impactantes para enfrentar os muitos desafios que as nossas áreas urbanas enfrentam”.