Chama-se Ferramenta de Autoavaliação da Cultura de Inovação e tem como propósito impulsionar a inovação na Administração Pública. Apresentada na passada terça-feira, em Lisboa, pela secretária de Estado da Inovação e da Modernização Administrativa, Maria de Fátima Fonseca, a nova ferramenta deverá, ainda este ano, ser aplicada em 15 exercícios de autoavaliação em entidades públicas, envolvendo 1800 trabalhadores do Estado e implementar nove Planos de Melhoria de Competências.
Para o próximo ano, estão previstos, “no mínimo”, 40 exercícios de autoavaliação, envolvendo 4800 trabalhadores públicos, assim como a implementação de 24 Planos de Melhoria de Competências. De acordo com a secretária de Estado, “a ambição é chegar a todos os cerca de 1300 dirigentes superiores e 6000 dirigentes intermédios da administração central”.
Desenvolvida de forma colaborativa por uma equipa de sete pessoas de quatro entidades, a ferramenta faz parte do programa Simplex 20-21 e surge face à “necessidade de estimular o comportamento empreendedor na Administração Pública para implementar o plano de recuperação económica e social em curso”, nas palavras da governante.
A Ferramenta de Autoavaliação da Cultura de Inovação prevê a autoanálise em dez áreas que abrangem a arquitectura de gestão de uma entidade pública, nomeadamente estratégia, liderança, pessoas, estrutura, incentivos, ferramentas, gestão do risco, redes e conhecimento, compras públicas e financiamento. Nessa avaliação, são tidas em conta as capacidades específicas essenciais à existência de uma cultura de inovação na gestão pública, sendo, posteriormente, elaborado um Plano de Melhoria da Capacidade de Inovação. Este plano deverá “contribuir para o desenvolvimento das competências de inovação nos trabalhadores, dirigentes e nos serviços”.
A solução destina-se a todas as entidades da administração directa e indirecta do Estado, que contarão com o apoio da Direcção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas (INA) para a sua aplicação e também na elaboração dos planos de melhoria de capacidade de inovação.
Desta forma, a ferramenta apresenta-se como um mecanismo de reforço da cultura de inovação no sector público, com vista a “reconhecer, antecipar e lidar com quaisquer desafios, com rapidez e capacidade de criar valor”. Este objectivo torna-se ainda mais “revelante num momento em que a Administração Pública é solicitada a tomar parte activa no desenvolvimento de estratégias mobilizadoras e na execução das medidas necessárias à recuperação económica e ao reforço da coesão social do país”, sublinhou Maria de Fátima Fonseca durante a apresentação.
Na sua intervenção, a governante adiantou ainda que o SIIGeP – Sistema de Incentivos à Inovação na gestão pública está a ser “avaliado”, estando a identificar-se “novas formas” de alavancar este sistema cujos resultados são “visíveis”. “O SIIGEP, nos tempos mais recentes, desafiado pelas circunstâncias que vivemos e em pleno período de confinamento, não só produziu um plano de trabalho colaborativo com 22 projectos para apoiar as organizações públicas no período de confinamento, que envolveram 75 pessoas de 27 entidades públicas e da sociedade civil, mas também alavancou a assinatura de um compromisso com a colaboração e um novo plano de trabalho colaborativo que será apresentado em breve”, referiu.
“Não é possível olhar para o futuro fazendo o mesmo de sempre. E o que está em jogo é demasiado importante para falharmos. Façamos cada um a nossa parte, mantendo o foco no essencial: fazer tudo o que for necessário para que Portugal recupere desta crise global e retome o caminho de desenvolvimento económico e social que sabemos que somos capazes de construir”, concluiu a secretária de Estado.
Recorde-se que o Governo publicou, no passado dia 31 de Julho, a Estratégia para a Inovação e Modernização do Estado e da Administração Pública e que assenta em quatro pilares: “Investir nas Pessoas, Desenvolver a Gestão, Explorar a Tecnologia, Reforçar a Proximidade”.
Foto: © João Bica