Até 11 de Junho, a semana é da Partilha. Pelo segundo ano consecutivo, Portugal participa na Semana Global da Partilha, uma iniciativa que envolve, de 5 a 11 de Junho, mais de 200 eventos registados, promovendo, em todo o mundo, os benefícios da partilha de recursos.

Por estes dias, a lista de acções é variada, desde o mais formal, com a conferência “Dare to Share – How the Sharing Economy Impacts your City”, no Funchal, ao mais descontraído Pic-Nik da Partilha, em Vila Franca de Xira, ou ao círculo de partilha com o “Way of Council”, em Lisboa. Mas a lista não está fechada e a The People Who Share (TPWS), promotora da acção, convida qualquer um a organizar o seu próprio evento e dá, inclusivamente, algumas dicas sobre como fazer dele um sucesso para a comunidade da Partilha.

“É no encontro entre o que uns têm para oferecer e o de que outros têm necessidade que a Economia da Partilha acontece”, explica Cândida Rato, coordenadora da TPWS Portugal.

Em 2014, a TPWS organizou o Global Sharing Day (Dia Mundial da Partilha), cujo sucesso abriu as portas à Semana Global da Partilha, que teve lugar pela primeira vez em 2015. No ano passado, registaram-se mais de 126 eventos, que chegaram a cerca de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo a TPWS, Portugal foi um dos três países com mais actividades registadas, a par de Inglaterra e Estados Unidos.

“Em Portugal, temos a predisposição para a Economia da Partilha”, afirma a responsável, “e o propósito de trazer a TPWS para Portugal é o de fazer estas pontes. A crise alterou grande parte dos nossos paradigmas de um emprego para a vida, ou da vida garantida através do trabalho. E nós somos empreendedores em si, enquanto povo”.

Para a responsável, há uma nova geração que está a “empreender a própria vida a fazer coisas de que gosta” e, em reflexo disso, “existem muitas organizações e iniciativas”. “Juntando aqui a componente da Economia da Partilha, conseguimos dar uma base mais sustentável e de encontro entre essas próprias organizações. É isso que cria a nossa rede de parceiros: um diálogo entre pessoas que já estão na mesma linha de pensamento, mas que possam partilhar recursos entre si. Esta é uma das mais-valias que vejo neste encontro”, conclui.

Muito se tem falado sobre o conceito de Economia da Partilha, sendo este um tema que não reúne consenso e que é visto por muitos de forma céptica. Uma das principais críticas é a associação de empresas que envolvem transacções financeiras em troca de um serviço, como a Uber ou a Airbnb, a este movimento. Para a fundadora da TPWS, Benita Matosfka, há muitos mal-entendidos sobre o significado de Economia da Partilha, “mas a base é a partilha de recursos. Portanto, a sua descrição técnica é um sistema económico construído em torno da partilha de recursos humanos, físicos e intelectuais”. Ao analisar o exemplo da Airbnb, a chief sharer explica que, aqui, a partilha diz respeito ao acesso a recursos partilhados – “as pessoas têm acesso à estada em casa de outras pessoas, logo, estão a aceder a um recurso partilhado”. Já no caso da Uber, a discussão actual é “mais interessante: há quem argumente que se trata apenas de uma app de táxis e não de uma partilha de carros entre pares, excepto no caso da UberPop [uma das modalidades da Uber, na qual privados põem os seus carros particulares ao serviço do transporte de passageiros]. Logo, não se trata de car sharing, mas podemos falar de partilha se assumirmos que um serviço eficiente baseado na procura retira a necessidade de propriedade. Ou seja, estamos a aceder a um recurso partilhado [o serviço Uber], ao invés de possuirmos um carro. Na minha opinião, qualquer um destes argumentos é válido”, completa a responsável.

A TPWS é uma organização social que promove a Economia da Partilha entre pessoas e comunidades, com o objectivo de tornar a partilha de recursos um movimento comum a nível global.