Incêndios, inundações, derrocadas, sismos, atentados terroristas, acidentes rodoviários, fenómenos meteorológicos extremos, pandemias. Estes são apenas alguns dos riscos a que estamos expostos. Quando acontecem, chegam, na maioria, sem pré-aviso, mas a resposta que lhes é dada não pode tardar. Na gestão dos territórios, as soluções inteligentes prometem não só melhorar essa resposta, como ajudar a antecipar e a prevenir estes cenários, acelerando a recuperação dos seus impactos. Será esta uma realidade em Portugal?

Quando um desastre, natural ou tecnológico, acontece, o que as pessoas querem é ser rapidamente acudidas. Nessas alturas de aflição, o que importa é que o socorro chegue de forma célere, eficaz e profissional, independentemente da teia complexa de organizações e entidades que fazem parte dos sistemas nacionais ligados à segurança e à protecção. Do lado de quem socorre, acudir é também o que mais importa, mesmo que, por detrás dessa resposta, existam protocolos e procedimentos, planos e estratégias, devidamente estudados e preparados, prontos a serem accionados. Em caso de emergência, nada pode falhar. Proteger e socorrer pessoas e bens em perigo em cenários de acidente grave ou de catástrofe fazem parte da actividade de protecção civil, que inclui ainda a prevenção de riscos colectivos inerentes a estas situações e a atenuação dos seus efeitos.

A Lei portuguesa determina que cabe ao Estado, às regiões autónomas e às autarquias locais, assim como aos cidadãos e a entidades públicas e privadas, o desenvolvimento desta actividade. Estamos todos incluídos neste processo, não obstante, são as autarquias locais que se assumem, nesta matéria, tal como noutras, como estruturas fundamentais e cujas responsabilidades, já por si significativas, foram recentemente reforçadas pelo processo de descentralização de competências em curso. Em caso de emergência, as câmaras municipais não podem falhar. É por esse motivo, e face a uma crescente percepção de risco, que as cidades tentam melhorar a sua capacidade de responder a emergências, encontrando na utilização de novas tecnologias para a gestão territorial a promessa de mais eficácia e mais rapidez.

A monitorização da cidade em tempo real, a optimização da gestão de meios e recursos, de processos e comunicações, para uma pronta resposta, a capacidade de, com base em dados reais, antecipar e prevenir situações ou de simular cenários e preparar respostas são apenas algumas possibilidades que as soluções inteligentes permitem para uma maior resiliência urbana. Em Portugal, cada vez mais municípios se interessam pelo tema e investem em ferramentas de inteligência urbana pensando, também, na componente da segurança e da protecção civil. Cidades como Lisboa, Porto ou Guimarães têm já centros de operações integradas nos quais estas soluções dão cartas para a gestão do dia-a-dia da cidade. Em caso de emergência, será que cumprem o prometido?

Qual o potencial?

Prevenção, planeamento, resposta e recuperação são as diferentes fases do ciclo de gestão de emergência e, em todas elas, as ferramentas de inteligência urbana podem acrescentar valor, garantem as empresas do sector. “Estas soluções têm a habilidade de digitalizar informação diversa de forma dinâmica para agilizar a tomada de decisão com maior consciência da informação recolhida do meio urbano”, explica a Ubiwhere, empresa tecnológica portuguesa que desenvolve produtos para cidades. Esta “informação diversa” inclui, entre outros, o registo georreferenciado de ocorrências reportadas pela comunidade ou por entidades responsáveis, a localização de veículos de emergência, de postos de resposta e de serviços hospitalares, o condicionamento rodoviário, assim como as condições climatéricas e o estado de infraestrutura crítica.

Com isto, é possível ter um contexto do cenário de emergência e, “desta forma, auxiliar os operacionais e as entidades de prevenção a darem uma resposta mais eficiente em tempo real e apoiar os decisores políticos a organizarem estes serviços de forma a oferecer maior estabilidade e qualidade de vida aos seus cidadãos”.

Responder a uma emergência exige, na maioria dos casos, a actuação coordenada entre duas ou mais entidades, sublinha João Paulo Fernandes, director-geral da NEC Portugal, empresa responsável pela solução Plataforma de Gestão Inteligente de Lisboa. “Ao permitirem fluxos coordenados da informação relativa a cada ocorrência entre as diferentes entidades que a ela devam acorrer, as soluções de inteligência urbana permitem uma actuação mais integrada e bem organizada por parte dessas entidades”, o que se traduzirá numa resposta “mais rápida e eficaz”, explica o gestor. Há também benefícios a nível de prevenção e planeamento: “Ferramentas de analítica de dados e de inteligência artificial permitem, por exemplo, a análise e a definição de locais e horários de maior ocorrência de cada tipo de emergência, facilitando o planeamento e a alocação de meios aos locais mais apropriados, por forma a que possam acorrer com maior rapidez a cada emergência.”

A localização é cada vez mais importante e, em caso de emergência, ainda mais. “Precisamos de conhecer o território, saber onde ocorre a emergência e o contexto em que esta ocorre”, diz Sandra Neves, Sector Lead Local Government na Esri Portugal. A empresa, incontornável a nível mundial no desenvolvimento de sistemas de informação geográfica, garante ter soluções capazes de dar “resposta a todo o ciclo de emergência”, desde a análise preventiva à recuperação das situações, passando pelo acompanhamento da ocorrência. “A emergência não é um evento; é um ciclo”, frisa António Salazar, solution engineer na componente de segurança e defesa da empresa.

O técnico, que tem trabalhado com as autarquias em projectos na área da protecção civil, exemplifica: para a prevenção de incêndios em municípios rurais, é possível “preparar no Inverno o que vai acontecer no Verão”, cruzando dados que ajudem a construir o contexto, tais como quais as zonas de evacuação e de corte de combustível florestal, que áreas foram limpas, qual a localização de pessoas com mobilidade reduzida, etc.; no caso da prevenção de inundações em áreas urbanas, é possível simular que zonas vão ser mais afectadas com base no conhecimento que se tem do território e do histórico dos eventos. “Este é um planeamento que se consegue fazer com a tecnologia da Esri e que já acontece em Portugal”, assegura.

O levantamento de danos após uma ocorrência corresponde à fase de recuperação e o ideal é que seja feito o mais rapidamente possível para permitir também a sua rápida reparação. Se quem estiver no terreno tiver acesso a estas ferramentas, o processo é optimizado. Para ilustrar, Sandra Neves recorda um episódio de cheias em Matosinhos, no qual houve “prejuízos muito grandes”: “o facto de a nossa tecnologia ter a informação toda integrada permitiu que quem estava no terreno a fazer o levantamento dos danos fosse ‘visualizado’ por quem estava em gabinete, e o cálculo dos danos foi feito automaticamente, permitindo ao município ser dos primeiros a apresentar os seus prejuízos ao Governo.” Além disso, a recuperação está directamente ligada à prevenção e ao planeamento, sublinha António Salazar, lembrando que se trata de “um ciclo”. “É importante perceber quais foram os danos e onde ocorreram com maior gravidade, pois isso permite-me planear onde é que vou tomar acções mais rápidas na preparação do próximo ciclo de intervenção”, diz.

Alertar a população é outro domínio em que as soluções inteligentes podem ajudar. Montar sistemas de comunicação directa com os cidadãos é algo “muito difícil”, pois implica ter os contactos para chegar a essas pessoas, constata o especialista em segurança e prevenção Alexandre Pinho, que foi chefe de Divisão Municipal de Operação do Centro de Gestão Integrada (CGI) do município do Porto entre 2018 e 2022. Apesar de estas capacidades serem utilizadas aos níveis nacional, regional e local, o especialista sublinha que, tal como em todas as questões relacionadas com emergências e planeamento, também na comunicação, a proximidade importa. “Curadoria e bom senso” são recomendações que pesam na eficácia destas comunicações, pois “as pessoas têm de se relacionar com o aviso que está a ser emitido”.

Nos últimos anos, muitos municípios desenvolveram ferramentas para o reporte de ocorrências ou a comunicação de informação útil aos seus cidadãos que podem também ser usadas em cenários de emergência. Mas, para que funcionem, a população tem de aderir, o que exige um esforço de sensibilização. E, mesmo no melhor dos cenários, “as boas práticas dizem que, depois de feita essa comunicação, tem de ser ir bater porta a porta”, enfatiza.

Na prática, o que acontece?

Teoricamente, não há dúvidas do contributo que as soluções de inteligência urbana podem dar na gestão do ciclo de emergência, mas como olham os municípios portugueses para o tema? Fará sequer parte das prioridades? Apesar de “vivermos hoje na sociedade do risco”, em Portugal, o tema tem tido “nova visibilidade” nos últimos anos, em particular depois dos incêndios de Pedrógão Grande em 2017. “É uma área sensível, quer para os decisores políticos, quer para os operacionais. As autoridades têm hoje essa percepção mais aguda do risco, pois reconhecem que, na eventualidade de uma tragédia ocorrer, é necessário garantir que tudo foi feito em termos de prevenção; ou, de igual modo, perante situações imprevisíveis, é fundamental assegurar que, na resposta à emergência, se prestou todo o apoio que era técnica e humanamente possível. As populações exigem ser acudidas e apoiadas e hoje as autoridades têm esse sentido de urgência”, alerta Alexandre Pinho.

No que toca ao uso de soluções inteligentes para emergências, Esri Portugal, NEC Portugal e Ubiwhere confirmam que há um interesse crescente das autarquias, mesmo que não se reflicta, depois, na implementação de soluções, o que pode acontecer por diversas razões. “É pena que os municípios que deram os primeiros passos nesta direcção sejam ainda muito poucos, seja por reduzida priorização da implementação destas soluções face a outras necessidades dos municípios, seja por dificuldades orçamentais”, lamenta João Paulo Fernandes. O facto de não existirem ocorrências tão críticas no território que justifiquem investimentos, por exemplo, em centros integrados e o desconhecimento do que é possível fazer e das soluções disponíveis para responder às necessidades funcionam também como impedimento. “A disseminação de boas práticas [neste tema] ainda se faz pouco”, refer Alexandre Pinho, acrescentando que falta também “validação de conceitos que tornem as soluções vendáveis”. Por outras palavras: “é preciso perceber as finalidades e como as ferramentas vão ser usadas para a optimização dos processos de gestão – esse esclarecimento deve ser feito pelo mercado, mas também pela procura de conhecimento de casos de estudo e pela partilha de boas práticas.”

A pandemia de Covid-19 deu um forte empurrão à transformação digital nos municípios, mas continua a haver realidades muito díspares em Portugal. Sandra Neves lamenta que haja ainda soluções que são “só pontos no mapa” que, depois, não se traduzem numa melhoria da qualidade dos serviços prestados aos munícipes. A Esri tem como desafio “conseguir pôr todos os municípios a usar” a sua tecnologia e a responsável explica porquê: “[Nesta evolução] Falamos em digital twins, 3D, etc., só que alguns municípios estão longe disso; se conseguirmos que tenham, pelo menos, sistemas de informação fiáveis, que lhes dêem respostas rápidas, será já uma grande evolução.”

Quando os municípios adoptam estes sistemas, as barreiras são semelhantes às que existem aquando da introdução de qualquer ferramenta inteligente, mas com a responsabilidade acrescida de que nada pode mesmo falhar. O elevado nível de criticidade faz com que esta seja também uma área em que novas soluções inteligentes demoram a ser introduzidas nos processos das organizações, obrigando a “muito estudo”, testagem e ao desenvolvimento de casos de uso, refere Alexandre Pinho. Os eventos programados podem ser laboratórios para “a construção da confiança [nestas soluções] e de boas práticas”, sugere.

Com base na sua experiência com a Plataforma de Gestão Inteligente, a NEC aponta dois principais desafios na sua implementação: o primeiro é a discussão e a definição com o município e as entidades responsáveis sobre os fluxos de informação que devem ser trocados e coordenados para cada tipo de emergência possível; o segundo assenta na própria integração da solução, que vai centralizar toda a informação relativa a cada ocorrência e coordená-la com as várias entidades, com cada uma das aplicações e fontes de dados que já existam implementadas por parte de cada uma dessas entidades. Nesta matéria, a interoperabilidade é, por norma, um tema crítico, mas que, no caso da Esri, não se aplica. “A nossa tecnologia permite fazer a interoperabilidade com qualquer tipo de serviço, por isso, nunca foi um problema. As barreiras com que nos deparamos são [na generalidade] protocolares ou políticas”, relata António Salazar.

É preciso também que haja competências técnicas. “Se não houver técnicos capacitados, no âmbito do planeamento – e muitas organizações não os têm –, o uso destas ferramentas vai ser limitado e vão estar sempre dependentes das empresas”, alerta Alexandre Pinho. Já no âmbito mais operacional, por mais inteligentes que sejam as soluções, a intervenção humana é imprescindível, já que tem de haver sempre quem valide, interprete o que está a acontecer e accione os meios. “Tem de haver sempre uma capacidade que esteja 24 horas em funcionamento porque as emergências não surgem com pré-aviso.

Amadora

Dezembro de 2022 foi um mês complicado para muitas cidades portuguesas, com a precipitação intensa que caiu em curtos espaços de tempo a provocar inundações graves em diversos pontos do país, em particular na Grande Lisboa. “Ter 50 ocorrências num espaço de uma hora torna-se difícil de gerir e priorizar”, conta Carla Tavares, presidente da câmara municipal (CM) da Amadora, recordando o episódio. Num cenário semelhante, os meios e recursos existentes mostram-se insuficientes, face ao elevado volume de ocorrências em tão pouco tempo.

A Amadora está comprometida com a resiliência e recebeu, em Novembro, um reconhecimento internacional das Nações Unidas pelo “histórico estabelecido na redução e resiliência do risco de desastres”, tornando a cidade no 9.º Centro Europeu de Resiliência da iniciativa Making Cities Resilient 2030. A par dos incêndios urbanos, das ondas de calor e vagas de frios, do risco sísmico e do movimento de massa em vertente, as inundações urbanas estão entre os riscos com maior expressão no concelho. A actualização periódica da matriz de risco, em sede de revisão do Plano Director Municipal e no âmbito do Plano Municipal de Emergência, permite ao município uma maior percepção dos riscos existentes e das políticas que devem ser operacionalizadas para a redução do risco de desastre. Ainda assim, a dificuldade de prever e monitorizar fenómenos cujos impactos são difíceis de antecipar está sempre presente. “Tem sido feito um avanço considerável na definição de cenários para os diversos riscos, mas temos assistido a uma dinâmica diferenciada das condições meteorológicas adversas, cujos dados e perdas que possam causar são difíceis de balizar”, lamenta.

Na tentativa de contrariar algumas destas dificuldades da gestão de emergências, o município dispõe de um Sistema de Aviso e Alerta, que envia alertas de protecção à população em tempo real, da plataforma de ocorrências SIGMOS, na qual os Bombeiros Voluntários da Amadora e o Serviço Municipal de Protecção Civil gerem todas as operações e que facilita a gestão da tomada de decisão e acompanhamento operacional, e de um sistema de videoprotecção, com mais de 100 câmaras instaladas que não só auxiliam a PSP, mas, em caso de necessidade, podem servir os agentes da protecção civil. As salas de controlo e despacho e de planeamento e operações do Centro Municipal de Operações da Amadora estão, neste momento, em remodelação, com o objectivo de “garantir mais articulação entre todas as ocorrências e [responder a] diferentes prioridades de actuação”. “Diria que temos algumas mais-valias [destas ferramentas] identificadas”, confirma a autarca, apontando a “capacidade de difundir informação e a comunicação de risco à população e aos agentes de protecção civil” e “a possibilidade de mobilizar de forma antecipada meios e recursos das entidades para as operações de socorro e apoio à população”. Além disso, “a articulação entre todo o sistema de protecção civil municipal tem sido garantida, em parte, pelo apoio que estas ferramentas têm dado no processo de prevenção, resposta e recuperação”.

Guimarães

Incêndios rurais, instabilidade de vertentes, cheias e inundações e fenómenos meteorológicos extremos estão no topo das preocupações de Guimarães, que, em Dezembro, inaugurou o seu Centro de Operações Integradas (COI). Para percepcionar o risco de eventos adversos, o município recorre a dados recolhidos no território, através, por exemplo, de sensores meteorológicos, de qualidade do ar ou de trânsito, e a dados partilhados por entidades cooperantes do Sistema Nacional de Protecção Civil “para serem compilados nas plataformas de monitorização municipais”, explica o vereador dos Sistemas Inteligentes e de Informação vimaranense, Paulo Lopes Silva.

No novo COI, o objectivo é reunir num só espaço “todas as ferramentas inovadoras de gestão colaborativa para ocorrências e eventos” usadas pelo município, incluindo a Plataforma de Inteligência Urbana, que integra fontes de informação, dashboards de gestão estratégica e de apoio operacional, sistemas de monitorização e posicionamento, um videowall, ecrãs interactivos e sistemas de videoconferência. Em caso de emergência, explica o autarca, estas ferramentas permitem “a agregação e normalização de informação de múltiplos domínios e fontes num único sistema de informação geográfica” e “a criação de modelos preditivos que permitem antecipar comportamentos e fluxos, contribuindo para uma tomada de decisão mais informada por parte de todos os decisores”. Por agora, a Guimarães CityFi, aplicação integrada de informação ao munícipe e reporte de ocorrências do município, ainda não inclui alertas e outros tipos de comunicação de emergência mais complexos, mas deverá fazê-lo “no futuro”. Enquanto isso, o município vimaranense aposta também em acções de capacitação, consciencialização e sensibilização para esta temática.

Porto

O Porto dispõe de “diversas ferramentas que têm grande impacto na capacidade de resposta”, afirma Filipe Araújo, vice-presidente da CM. O Centro de Gestão Integrada (CGI), onde se reúnem as funções operacionais das unidades orgânicas que actuam nas áreas de mobilidade, segurança, bombeiros, protecção civil e ambiente, é uma delas. “Pelo seu carácter transversal e inovador, o CGI deu origem a um processo de desenvolvimento de uma plataforma tecnológica de gestão de cidade, que permite obter indicadores em tempo real, e à reorganização dos processos operacionais, o que permitiu atingir um novo patamar de eficiência e capacidade na resposta em situações de intervenção multidisciplinar”, avança o autarca.

A cidade conta ainda com o Subsistema de Supervisão de Tráfego do Sistema de Gestão de Mobilidade, sistemas inteligentes de transportes, um Sistema Automático de Detecção de Incêndios, uma Plataforma de Monitorização Meteorológica e Ambiental e equipamentos da rede SIRESP, incluindo a plataforma SIRESP GL. A “rápida ligação” entre a CM e as restantes entidades é assegurada por “uma vasta rede de fibra óptica”, dotada “de um alto grau de redundância”, sublinha o responsável, que destaca ainda a possibilidade da utilização de drones em operações de segurança e de protecção e socorro – “podem transmitir vídeo/imagens em tempo real para o CGI para que sejam tomadas as medidas necessárias em função da evolução das ocorrências.”

À semelhança do que aconteceu na região de Lisboa em Dezembro, no início do novo ano, também o Porto registou um episódio de forte precipitação num curto espaço de tempo que causou inundações na cidade. Estas ferramentas tiveram um “impacto fundamental, pois possibilitaram uma articulação coordenada entre as várias equipas multidisciplinares que integram o CGI e uma melhor articulação entre os vários serviços da organização”, avalia Filipe Araújo. “As primeiras ocorrências foram detectadas com recurso ao Sistema de Supervisão de Tráfego, sendo possível obter mais informação para os meios de socorro antes de estes chegarem ao local e priorizar as ocorrências. As redes de comunicação e a plataforma de georreferenciação de veículos e pessoas foram essenciais para a articulação entre entidades.”

Para comunicar com os cidadãos, o Porto dispõe da aplicação de registo de ocorrências ReportaPorto e disponibilizou recentemente o Cartão Porto., destinado aos residentes na cidade e que permite aceder a experiências e serviços e receber avisos sobre o que acontece na Invicta. “Sempre que se justifica, são enviados avisos para comunicação de eventos não programados ou de emergências de forma a informar prontamente o munícipe” – foi o que aconteceu recentemente, avisando os moradores da zona Ribeirinha do perigo de cheias.  “Acreditamos que, ao serem enviadas SMS com informação personalizada e adaptada às necessidades de cada residente, a autarquia põe à disposição dos seus munícipes uma ferramenta que lhes permitem adaptar rotinas e tomar decisões informadas que minimizem o impacto negativo de situações quotidianas da cidade”, defende o vice-presidente.

Quais são as tendências tecnológicas no ciclo de emergência?

Ubiwhere:

  • Edge-Enabled Apps, Digital Twins, Zero-Touch Provisioning – tecnologias que fornecem a infraestrutura de dados federada necessária à escala e a avaliação de risco necessária assim como serviços de informação aos intervenientes sobre o custo da recuperação vs. o custo da preparação;
  • Tratamento de dados e Data-native services – visam a implantação de redes resilientes, seguras e escaláveis em caso de catástrofe, centralizando e harmonizando dados para uma melhor tomada de decisões em tempo-real e com capacidades de Inteligência Artificial a longo prazo.

Esri Portugal:

  • Inteligência dos dados;
  • Inteligência Artificial e Deep Learning.

Este artigo foi originalmente publicado na edição nº 38 da Smart Cities – Janeiro/Fevereiro/Março 2023, aqui com as devidas adaptações.