O World Economic Forum (WEF) anunciou ontem a criação de um novo Centro Global para a Transformação Urbana. Detroit, nos Estados Unidos da América, é a cidade escolhida para acolher o novo hub mundial, que terá como missão apoiar os centros urbanos a lidar com os desafios actuais e futuros, incluindo a recuperação pós-pandemia, tendo como principal motor a cooperação público-privada.

O novo centro tem lançamento marcado para o Outubro, numa ocasião que ficará assinalada por vários eventos nos quais serão apresentados exemplos inspiradores de transformação urbana em todo o mundo. Através do trabalho desenvolvido no novo centro, o WEF pretende alavancar a sua rede global de empresas, governos, sociedade civil, academia e outras organizações no apoio às cidades, com vista à reconstrução das economias urbanas no contexto pós-pandemia e ao aumento da resiliência das comunidades.

Uma das principais intenções do WEF para este centro global passa pelo reforço dos laços entre os sectores público e privado. “Em todo o mundo, desde a Covid-19 às alterações climáticas, as cidades enfrentam desafios sem precedentes que expõem desigualdades sistémicas profundas. À medida que trilhamos um caminho para um futuro mais sustentável e equitativo, o governo [sector público] não pode carregar este peso sozinho; uma maior cooperação público-privada é essencial”, explicou Jeff Merritt, head of Urban Transformation do WEF.

Com isto em mente, o WEF propõe-se a mobilizar a comunidade empresarial mundial no sentido de aplicar o conhecimento e recursos necessários na ajuda às comunidades locais, na criação de modelos de desenvolvimento urbano mais inclusivos e na exploração de novas abordagens para a expansão de serviços urbanos e oportunidades económicas em comunidades mais desfavorecidas.

A escolha da cidade norte-americana como anfitriã desta iniciativa global tem também uma razão de ser. Ao longo da sua história, Detroit tem sido palco de inúmeras transformações e um exemplo de resiliência mundial. Por esse motivo, aquela que foi em tempos a Motor City é vista pelo WEF como o “epicentro perfeito” para o trabalho que o Centro Global para a Transformação Urbana quer levar a cabo. “[É] Um hub para a transformação e inovação urbanas no qual o mundo pode encontrar orientação e inspiração”, acrescentou Merrit.

Apesar de sedeado em Detroit, o trabalho do novo Centro Global para a Transformação Urbana vai também ser desenvolvido nas delegações do WEF de Pequim, Genebra, Mumbai, Nova Iorque, São Francisco e Tóquio. Em Detroit, o centro será acolhido pela empresa imobiliária local Bedrock, que disponibilizará as instalações para um testbed com vista à reflexão e redefinição de novas possibilidades para a vivência urbana. No futuro, a colaboração entre as entidades poderá incluir o projecto Gratiot Site, um bairro de inovação que está a ser desenvolvido pela imobiliária. “Esta parceria representa uma oportunidade para mostrar o extraordinário crescimento de Detroit e coloca a maior cidade e entreposto internacional do Michigan como um hub global para o que de melhor está a ser pensado no desenvolvimento da próxima geração de uma economia urbana inclusiva”, afirmou, em comunicado, Kofi Bonner, CEO da Bedrock.

O anúncio da criação do centro do WEF despertou já várias reacções de representantes de organizações e empresas de alcance global. O director-executivo do UN Habitat, Maimunah Mohd Sharif, manifestou já o interesse em colaborar com o WEF na persecução da Nova Agenda Urbana e do Objectivo para o Desenvolvimento Sustentável 11, que visa tornar as cidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis. Também o português Miguel Eiras Antunes, que assume o cargo de global smart cities leader na Deloitte, afirmou a disponibilidade da consultora global para trabalhar com a iniciativa da WEF, sublinhando a crença comum de que a Covid-19 é uma “oportunidade sem precedentes para revigorar a abordagem à transformação urbana”.

 

Fotografia de destaque: ©City of Detroit Government