Depois de três meses à procura das melhores soluções de sustentabilidade para o setor do turismo, 20 startups apresentaram esta quarta-feira as ideias e produtos que desenvolveram no âmbito do programa de aceleração Beta Start. Esta iniciativa da consultora de inovação Beta-i e do Turismo de Portugal reuniu todos os projetos finalistas durante um showcase day, sob o olhar atento de investidores, empreendedores e players de relevância na área.

À fase final do programa chegaram 14 projetos-piloto portugueses e seis de outros países (Alemanha, Polónia, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos), distribuídos por áreas como experiência do consumidor, gestão de resíduos, desmaterialização de produtos e serviços, eficiência hídrica/energética e mobilidade inteligente.

Cada startup teve um pitch de três minutos para mostrar o que vale e, no final, o júri atribuiu o primeiro lugar à Wayfarer Solutions, empresa norte americana que desenvolveu uma plataforma de software empresarial destinada ao envolvimento e ativação do público. Para isso, fornece soluções e experiências de gamificação motivacionais, aliadas à tecnologia, à personalização e à psicologia dos utilizadores.

E como pode o setor do turismo aproveitar este potencial para se tornar mais sustentável? Jeff Hoffman, CEO da Wayfarer Solutions explicou à Smart Cities que, “por exemplo, esta plataforma pode trabalhar com empresas ou serviços públicos que queiram reduzir o consumo de energia”. “Uma vez definido esse propósito, gamificamos uma determinada experiência e partilhamos a quantidade de energia que está a ser utilizada. Simultaneamente, conseguimos definir objetivos e atribuir prémios físicos ou digitais que motivem o comportamento de um determinado público-alvo”, acrescentou o responsável da empresa sediada em Chicago.

O segundo lugar do programa foi atribuído à alemã Ionium, que desenvolve e fornece redes de acesso rápido ao carregamento de veículos elétricos. Uma solução chave na mão, assente num ecossistema próprio, o Ionium One-Go, e numa oferta completa de serviços que promete “simplificar o processo de eletrificação” das empresas. Já o terceiro lugar do pódio foi para a startup Build.ing, que a partir de Coimbra criou uma plataforma para projetos integrados de engenharia e arquitetura, alimentada por algoritmos de Inteligência Artificial e Machine Learning. O objetivo, diz o cofundador Elias Silva, é “ajudar a escolher soluções mais económicas e sustentáveis”, equilibrando “os objetivos do cliente com a responsabilidade social e ambiental”.

Durante o evento, realizado ontem (20/03) no Nova SBE Westmont Institute of Tourism & Hospitality, em Carcavelos, foram ainda atribuídos mais três prémios que, simbolicamente, representam um foguetão a levantar voo. Assim, em 4.º lugar ficou a Ecoceno, startup de Vila Nova de Gaia que criou um modelo de reutilização de embalagens de comida, e em 5.º a Wander Gift, aplicação que permite aos turistas comprarem recordações feitas por artistas e artesãos locais. Já o 6.º lugar foi atribuído à Noytrall, solução que ajuda hotéis e hóspedes a medirem a sua pegada de carbono, recompensando as melhores práticas.

Para Manuel Tanger, cofundador da Beta-i, “esta terceira edição foi um sucesso, claramente a que teve startups mais avançadas e cujo trabalho ajuda a trazer impacto ao ecossistema, bem como a mostrar a importância da sustentabilidade para o turismo”. O responsável lembrou que a consultora e o Turismo de Portugal vão agora dar seguimento a outro programa com a mesma lógica, o The Journey, este dedicado a startups em fase mais madura.

Já Sérgio Guerreiro, do Turismo de Portugal, disse à Smart Cities que “iniciativas como estas mostram como a inovação pode ser a chave da competitividade do setor enquanto indústria”, acrescentando que “estamos a cavalgar uma oportunidade para a tecnologia que nasceu durante a fase da pandemia”. Também por isso, afirmou acreditar que “deste Beta Start venham a surgir várias soluções que acabem por acrescentar valor ao setor do turismo”.