A Agenda Urbana para a União Europeia (AUUE) escolheu a Área Metropolitana de Lisboa (AML) e a cidade de Milão para coordenarem uma rede europeia dedicada ao tema “Alimentação”. Esta nova parceria, que começou formalmente a trabalhar há poucos dias, reúne 29 entidades ligadas a diferentes setores, como municípios e áreas urbanas de 10 países, autoridades nacionais, universidades e instituições da União Europeia, entre outras.
Durante três anos, vão trabalhar em grupo para responder a uma questão essencial: Como construir uma política alimentar europeia que corresponda a uma visão conjunta dos diversos intervenientes? Para isso, a parceria propõe-se a criar propostas para um referencial estratégico europeu que abarquem as diferentes sensibilidades e interesses do sistema alimentar, como por exemplo os da agricultura, da economia ou do ambiente e transição climática. Como tal, em cima da mesa estarão temáticas como a agroecologia, a justiça alimentar, o acesso à terra ou a gestão das terras públicas, bem como o preço real dos alimentos (incluindo as externalidades).
O objetivo final é “ajudar a impulsionar mudanças transformadoras nos sistemas alimentares, tornando-os sustentáveis e equitativos, mas também posicionando as cidades como catalisadores desta mudança”, diz a Agenda Urbana para a União Europeia.
O papel da Área Metropolitana de Lisboa nesta parceria passa por coordenar (em conjunto com Milão) os diferentes atores europeus através de propostas centradas nos três pilares que norteiam a AUUE: conhecimento, regulação e financiamento. De acordo com Filipe Ferreira, Secretário Metropolitano na AML, “a partir de agora serão promovidas diferentes iniciativas para que, de forma muito pragmática, seja dada uma orientação precisa para a constituição de uma política alimentar europeia, baseada em sistemas sustentáveis e resilientes”.
Para o responsável, a escolha de Lisboa é “um reconhecimento da Área Metropolitana enquanto região líder nas questões relacionadas com a transição alimentar” e dá vários exemplos do trabalho realizado a nível regional: “Estamos a implementar um projeto com a AML Alimenta, em que vamos aos mercados e escolas para trabalhar componentes muito importantes do sistema alimentar, somos um dos coordenadores da rede FoodLink e estamos em processo de conclusão da Estratégia para a Transição Alimentar para a Área Metropolitana de Lisboa”.
Sobre este documento, Filipe Ferreira adiantou à Smart Cities que recentemente foi aberto um período de consulta para os diversos atores que participaram na elaboração da estratégia mas que, assim que o texto esteja consolidado, será disponibilizado a todos os cidadãos e instituições que tenham interesse em conhecê-lo.
Cidades Verdes: o contributo da AML
Além da rede dedicada à temática da alimentação, a Área Metropolitana de Lisboa também está a participar noutra parceria da Agenda Urbana da União Europeia, esta sobre o tema “Cidades Verdes” (Greening Cities), onde cocoordena (juntamente com o município de Utrecht, nos Países Baixos) o grupo de trabalho dedicado ao financiamento verde.
A escolha pela AML surgiu no seguimento de várias iniciativas e ações realizadas nesta vertente do financiamento. “Estamos a dar muita importância e muitos recursos para estas questões. Por exemplo, há pouquíssimo tempo lançámos o projeto AML Oportunidades, em que semanalmente disponibilizamos oportunidades de financiamento para os nossos atores”, lembra Felipe Ferreira. “Esta é, de facto, uma área em que trazemos valor acrescentado para a região e respetivos agentes, por isso estamos a dotar-nos de tanta informação e conhecimento”, acrescenta.
O objetivo da parceria “Cidades Verdes”, já em fase de desenvolvimento, é ajudar a integrar infraestruturas verdes e azuis no planeamento urbano, com vista à promoção do desenvolvimento urbano sustentável, para cidades mais limpas, saudáveis e verdes. Para isso, trabalha em estreita ligação com alguns setores prioritários, como o ambiente, os transportes sustentáveis, a gestão da água ou a agricultura urbana.
Além da área que a AML cocoordena, dedicada ao financiamento, a parceria conta com mais três grupos de trabalho sobre outros tantos temas específicos: sistemas de indicadores, implementação de infraestruturas verdes e soluções baseadas na natureza. Tal com acontece na temática “Alimentação”, também esta parceria irá apresentar um plano de ação com medidas específicas que ajudem as autoridades a enfrentar os atuais desafios urbanos e a tornar as cidades e regiões mais verdes.
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