A Área Metropolitana de Lisboa (AML) anunciou, na terça-feira passada, a adesão à Rede Metropolitana de Parques Agroalimentares (RMPA), dando, assim, um passo no sentido da transição alimentar nesta região através da dinamização de acções alimentares urbano-rurais de maior proximidade.
Segundo o ICS Food Hub, a RMPA é definida como “um conjunto de diversos territórios, iniciativas e actores da área metropolitana de Lisboa”, cujo objectivo é facilitar o planeamento e a gestão do sistema alimentar tendo em consideração instrumentos de ordenamento do território e gestão da paisagem. A rede, dinamizada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) e pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), é, assim, uma “proposta para a transição alimentar nesta região”.
Até 2030, a RMPA tem como visão assegurar 15% do aprovisionamento alimentar da AML, tendo por base modos produtivos sustentáveis, redes de distribuição hipo-carbónicas e circuitos alimentares de proximidade, bem como a inclusão e segurança alimentar. A Rede tem ainda como missão promover a economia circular e resiliente e a valorização dos recursos naturais, humanos e institucionais da AML.
A transição alimentar tem sido um tópico cada vez mais relevante no discurso político internacional, de que são exemplos a Cimeira dos Sistemas Alimentares, organizada em 2021 pelas Nações Unidas, e a Estratégia do Prado ao Prato, enquadrada no Pacto Ecológico Europeu para a próxima década. Em 2017, já a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura tinha alertado que a área utilizada para a produção de alimentos em 2050 teria de ser superior à de 2019 em cerca de 70%, dada a previsão do aumento populacional, com maior impacto nas cidades.

Para a AML, a RMPA “ganha, neste contexto, uma relevância superlativa”. A AML adianta ainda que a Estratégia Regional Lisboa AML 2030, cujo desenvolvimento ficou a cargo da AML e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), já contempla estas preocupações, sobretudo no domínio da “sustentabilidade ambiental e alimentar com a mitigação de riscos naturais”.
A RMPA foi desenvolvida pelo ICS-UL e pela CCDR-LVT, com o apoio de vários parceiros metropolitanos, no âmbito do projecto europeu ROBUST (Rural-Urban Outlooks: Unlocking Synergies).