3234 bicicletas, das quais 2096 eléctricas e 1138 convencionais. São estes os números de velocípedes que o projecto U-Bike Portugal vai trazer a 15 instituições de ensino superior de todo o país. O objectivo é alterar a repartição modal, reduzir o uso do automóvel e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. E está comprovado: usar a bicicleta nas deslocações urbanas elimina stress e deixa-nos mais preparados para o dia de trabalho (ou de estudo!).

Motivado pelas obrigações legais ao nível da redução de consumo de energia e de emissões de gases com efeito de estufa e poluentes atmosféricos, assim como pela necessidade de diminuição do congestionamento das cidades, o projecto tem como objectivo chave atrair a população académica para modos de locomoção mais sustentáveis nos campus universitários e territórios envolventes, numa iniciativa que pretende envolver estudantes e corpo docente.

Instituto Politécnico de Leiria, Instituto Politécnico de Beja, Universidade de Évora, Universidade da Beira Interior, Universidade de Aveiro, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, Instituto Politécnico de Bragança, Instituto Superior Técnico, Universidade do Porto, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, Universidade do Minho, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Instituto Politécnico do Porto compõem o lote dos 15 escolhidos para acolher a iniciativa, cuja meta é alcançar 2 412 141 quilómetros percorridos pelas bicicletas adquiridas até 2018. Este esforço pretende gerar economias de energia de 166,34 tep (toneladas equivalentes de petróleo).

As 15 candidaturas aprovadas pelo PO SEUR (Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), no âmbito do U-Bike Portugal, representam um investimento total de 6 059 027,90 de euros e a atribuição de um valor de Fundo de Coesão na ordem dos 4 762 384,48 de euros.

Com vista a potenciar a adesão da comunidade académica ao projecto e alterar os comportamentos relativos às opções de mobilidade, serão desenvolvidos mais de 230 produtos de comunicação, sensibilização e promoção da mobilidade sustentável e energeticamente eficiente, de modo a alcançar 174 416 indivíduos das comunidades académicas aderentes.

Amadeu Borges, pró-reitor da UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) e responsável pelo projecto, adiantou à Agência Lusa que a implementação do projecto vai permitir à universidade de Vila Real “uma redução nas emissões de CO2, através da substituição efectiva de 210 automóveis por 300 bicicletas”. Numa clara aposta na mobilidade ciclável, a instituição transmontana anunciou ainda a construção de uma ciclovia entre o campus da universidade e a cidade.

No caso do Politécnico de Leiria, por exemplo, o financiamento aprovado vai permitir a aquisição de 220 as bicicletas eléctricas para a comunidade académica. Aos olhos da câmara municipal de Leiria, que participou também na candidatura ao U-Bike, esta é acção de “extrema relevância e passível de ser disseminado, pelo município, para todo o seu território, no sentido de promover maior conforto urbano, na sua vertente social e ambiental”. Para Lino Pereira, vereador com o Pelouro dos Transportes Públicos e Mobilidade da autarquia, o projecto está vinculado à estratégia de promoção de modos de transporte suaves que a cidade tem já em andamento.

O projecto U-Bike Portugal enquadra-se num contexto marcado pelos objectivos definidos no Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética (PNAEE) 2013-2016, que classifica os transportes como área prioritária para a melhoria da eficiência energética, através da promoção da mobilidade ciclável e outros modos suaves, conforme estabelecido no Plano Nacional de Promoção da Bicicleta e Outros Modos Suaves 2013-2020 – “CiclAndo”. Este último propõe uma estratégia para a promoção do uso quotidiano da bicicleta através da criação de condições próprias para os modos suaves, visando reduzir a utilização do transporte individual motorizado, nomeadamente através da disponibilização de sistemas de bike sharing públicos. Também o Compromisso para o Crescimento Verde (lançado pelo ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia em 2015) integra como medida a promoção da bicicleta enquanto meio de transporte particularmente eficiente para a mobilidade urbana.