Colocar Portugal novamente na frente da agenda da mobilidade eléctrica seria “benéfico”, afirmou esta manhã António Vidigal, vice-presidente da Associação Portuguesa do Veículo Eléctrico (APVE). Para o responsável, o veículo eléctrico assume-se hoje como uma “alternativa”, e não um complemento.
António Vidigal falava no âmbito da conferência anual da Associação Portuguesa de Energia (APE), que teve lugar hoje no Centro Cultural de Belém em Lisboa.
Na perspectiva do especialista, alcançar mais eficiência e uma maior descarbonização da economia “irá sempre no sentido de uma electrificação crescente”. No caso da mobilidade, assistimos à electrificação dos sistemas de propulsão, esclareceu.
Aproveitando a visibilidade positiva que Portugal tem face às energias renováveis, a mobilidade eléctrica é um “desafio tecnológico enorme e interessante” para o país, considerou.
“A mobilidade eléctrica joga muito bem com as renováveis e com as redes inteligentes. O veículo eléctrico é uma ‘killer application’ [aplicação decisiva] para as smart grids”, exclamou.
A autonomia das baterias continua a ser uma das barreiras tecnológicas aos veículos eléctricos e, sobre essa questão, António Vidigal sublinhou que 90% das deslocações em veículos eléctricos dizem respeito a percursos inferiores a 100 km. Para além disso, nas horas de maior utilização, 92% destes veículos estão parados, permitindo assim o seu carregamento, desde que haja uma “estrutura adequada para o efeito”.
Sobre o que foi já feito em Portugal no sector, o dirigente da APVE destacou a existência um cluster de fornecedores de equipamentos de mobilidade eléctrica que se formou em poucos anos.
Por sua vez, “a rede Mobi.E tem o seu mérito por existir, mas há coisas a corrigir”, disse, apontando a dimensão excessiva e localização menos adequada, a pouca sinalização, a quase inexistência de pontos de carregamento rápidos e ainda a necessidade de uma manutenção de fundo como pontos a melhorar.
Para além da mobilidade eléctrica, foram também temas de debate a exploração de petróleo e gás em águas profundas e áreas de fronteira, as redes inteligentes, o armazenamento de energia e os combustíveis avançados de base celulósica. Manuel Ferreira de Oliveira (Galp Energia), João Torres (EDP), Alberto Barbosa (EFACEC) e José Ataíde (Grupo Portucel Soporcel) foram algumas das personalidades presentes na conferência da APE.