Passar de um modelo de deslocações assente em veículos com motor de combustão para outro que tem por base a mobilidade eléctrica, assim como aumentar a capacidade de armazenamento de energia para melhorar responder aos picos de procura de electricidade.
A implementação do projecto que visa fazer de Porto Santo a primeira ilha inteligente do mundo está dividida em três etapas. A primeira, iniciada a 3 de Junho, consiste na atribuição de viaturas eléctricas e na instalação de postos de carregamento eléctrico por parte da Empresa de Electricidade da Madeira, que associou um posto de carregamento a cada automóvel já entregue, sendo que, destes, uns são de acesso público, outros de acesso privado.
A segunda fase contempla a interacção de veículos eléctricos com a rede da ilha. Este processo de comunicação inteligente materializar-se-á, em termos práticos, na possibilidade de os próprios veículos serem armazenadores temporários de energia, capazes de injectar electricidade na rede sempre que se registem picos de maior consumo e activando o seu carregamento sempre que o fornecimento de energia exceder a procura registada.
Por último, será na terceira etapa do projecto que as baterias de veículos eléctricos provenientes da Madeira vão encontrar uma segunda vida. Numa demonstração das potencialidades de reutilização destas baterias, será implementada infra-estrutura que lhes permite agir dinamicamente e consoante as necessidades, tanto no armazenamento como na injecção de energia na rede eléctrica da ilha. A reutilização destas baterias visa melhorar os níveis de aproveitamento da energia produzida intermitentemente pelas centrais solares e eólicas de Porto Santo, respondendo, assim, às habituais dificuldades no armazenamento de alguma da energia de produção renovável.
Em comunicado, a Renault garante que a segunda vida dada a estas baterias pode responder, entre outros, às necessidades de armazenamento de energia de edifícios com vários tipos de usos, como habitações, escritórios ou espaços escolares.
Metas definidas, expansão planeada
Chegar a 2020 com “20% da energia produzida através de fontes renováveis” e alcançar uma redução na emissão de gases com efeito de estufa “de 80% a 95%” na produção de electricidade até 2050. É este o plano traçado para a ilha de Porto Santo. Porque este não é um projecto somente de mobilidade, é também um projecto de transição energética e, nas palavras de Ricardo Oliveira, “um projecto de sustentabilidade”.
Para além disto, o plano que une Governo Regional da Madeira, Empresa de Electricidade da Madeira e Renault, pretende, a longo prazo reformar o parque automóvel de toda a ilha. O projecto prevê que o município de Porto Santo, povoado em 2016 por 5174 pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), passe a contar com um parque circulante constituído por aproximadamente um milhar de automóveis eléctricos.
É precisamente nesse sentido que “quer a Renault quer o governo regional anunciaram a introdução de inventivos destinados à aquisição de veículos eléctricos por parte da população” da ilha, conta o responsável pela marca de automóveis em Portugal.
Se a execução deste projecto está, até ao momento, circunscrita à pequena ilha do arquipélago, há, todavia, a intenção de expandir os planos para a ilha da Madeira foi já expressa pela EEM e pela Renault.