Muito em breve, Lisboa vai ter uma nova opção para a mobilidade: as trotinetas eléctricas da Lime estão a chegar. Na capital portuguesa, a start-up norte-americana conta ter entre 200 a 400 e-scooters disponíveis em regime de partilha. O objectivo, revela Noa Khamallah, director de Relações Institucionais na Europa da Lime, é oferecer “uma experiência ecológica, divertida e prática na cidade” e que seja complementar aos transportes públicos. O lançamento oficial não tem ainda data marcada, mas, neste sábado, já vai ser possível experimentá-las no evento Festa da Mobilidade, organizado pela câmara municipal de Lisboa e que terá lugar na Avenida da Liberdade.

 

Em que medida as scooters/trotinetas eléctricas podem ser uma solução para a mobilidade urbana?

A Lime pretende ser uma alternativa mais ecológica, sustentável e eficiente para andar por Lisboa. As scooters eléctricas permitem fazer viagens de curta distância de forma mais rápida, fácil e inovadora. Permitem levar os utilizadores aos seus destinos 22% mais rápido do que as tradicionais bicicletas e, como não são um veículo, podem usar as linhas destinadas a bicicletas e passeios para circular sem serem prejudicadas pelo trânsito. Como não têm um estacionamento fixo, os lisboetas podem encontrar as nossas e-scooters nas ruas, por isso têm um acesso mais rápido e fácil do que outras alternativas.

Considera esta solução adequada para a cidade de Lisboa, dado as suas características?

Olhamos para Portugal como um país estratégico na expansão da Lime na Europa, por vermos que enfrenta problemas de mobilidade urbana semelhantes aos que actualmente se registam em outras cidades europeias. Lisboa é uma óptima cidade para implementar soluções inteligentes de mobilidade, visto ser uma das mais internacionais, diversificadas e atractivas na Europa e estar a mudar rapidamente. O crescimento da sua população e do número de turistas pede a implementação de formas alternativas de mobilidade dentro da cidade.

Foi por isso que escolheram Lisboa?

Lisboa é uma cidade densa, com muito tráfego, especialmente no centro, registando diariamente a entrada de mais de 370 mil carros, e os seus habitantes estão muito conscientes disso. É por esta razão que estão receptivos à implementação de alternativas novas, sustentáveis e mais saudáveis. Ao usar uma scooter eléctrica, as pessoas têm mais flexibilidade, podendo evitar engarrafamentos, percorrer a cidade mais rapidamente e interagir com o ambiente urbano de uma forma diferente. Oferecemos uma experiência ecológica, divertida e prática na cidade.  Além disso, escolhemos Lisboa pela sua visão inovadora relativamente a mobilidade urbana, alterações climáticas e questões ambientais, estando perfeitamente alinhada com os nossos valores. Vimos em Lisboa uma forte vontade de melhorar a sua estratégia de mobilidade. Sentimo-nos muito honrados por termos sido convidados pela câmara municipal de Lisboa para criar uma oferta de e-scooters em Lisboa, no seguimento das medidas tomadas para modernizar a mobilidade urbana – especialmente no que toca a deslocações sem emissão de dióxido de carbono – e reduzir o impacto ambiental, tendo expandido as suas ciclovias por toda a cidade. A Lime quer ajudar a comunidade e a cidade a tornarem-se mais verdes, saudáveis e inteligentes para viver e trabalhar.

Como foi pensada a integração das scooters eléctricas com outros meios de transporte público disponíveis em Lisboa?

Lisboa tem espaço suficiente para poder oferecer diferentes soluções de mobilidade. A Lime não pretende substituir os meios de transporte públicos, mas oferecer uma opção complementar e ecológica. No nosso relatório do primeiro ano de operação, registámos que 27% dos nossos utilizadores, nos grandes meios urbanos, usam Lime para se movimentar de ou para um transporte público durante a sua última viagem. Isto significa que a Lime está a ajudar a reduzir a dependência de carros particulares e a fazer crescer o acesso a opções de mobilidade públicas. Para nós, é claro que as e-scooters já se tornaram um dos meios preferidos dos utilizadores para andar pelas cidades, pois permitem que os utilizadores possam desfrutar do ambiente urbano de uma nova maneira, particularmente em viagens de curta distância. A actual situação de trânsito em Lisboa exige soluções alternativas que possam oferecer uma qualidade de vida melhor e mais saudável aos cidadãos e turistas, e acreditamos que este é um trabalho conjunto e não algo que uma entidade ou marca possam resolver sozinhas.

Como pretendem estimular o uso das trotinetas como modo de transporte para os cidadãos residentes e não apenas para turistas?

A Lime está presente em mais de 100 cidades e com isso conseguimos perceber que os cidadãos têm sido bastante receptivos às nossas e-scooters. Com a nossa experiência em várias cidades, conseguimos entender que os cidadãos têm uma mente bastante aberta a alternativas novas, sustentáveis e saudáveis.

No que diz respeito à regulamentação, há algum requisito para os utilizadores das scooters eléctricas?

Não existe regulamentação específica para usar as scooters da Lime. Nós aconselhamos os utilizadores a usarem um capacete e a evitarem as ruas destinadas a passeios, por segurança. Ao conduzir nas ciclovias ou passeios, é importante respeitar os outros e os limites de velocidade.

Estes tipos de sistemas estão sempre preocupados com vandalismo. Como contrariam isso?

As scooters Lime-S têm um cadeado inteligente que apenas pode ser desbloqueado através da nossa aplicação. A nossa frota de e-scooters pode ser mapeada através de GPS e, assim que a nossa equipa local repare que a e-scooter não está na rua, ligam imediatamente para a Polícia. Nós acreditamos que a educação, o diálogo e, acima de tudo, a mentalidade aberta nos permitirá ultrapassar o criticismo e cepticismo e nos ajudará a tornar esta tendência num conceito sustentável para o futuro da mobilidade. É necessário bastante paciência que, felizmente, nós temos. Até agora, no que toca ao vandalismo e assaltos à nossa frota, temos registado menos de 1% de situações.

Qual foi o investimento feito pela Lime e quais são as vossas expectativas para o projecto em Lisboa?

Não revelamos estes números. Focámo-nos em ter uma grande equipa para assegurar o lançamento, trazer as e-scooters nas melhores condições para Lisboa e assegurar que temos uma boa oferta no lançamento.

Têm planos para expandir para outras cidades portuguesas?

Neste momento, estamos focados no lançamento de Lisboa, mas pretendemos estabelecer contacto com as câmaras municipais de cidades portuguesas para avaliar a entrada, após o lançamento em Lisboa, como Porto, Braga, Aveiro e Sintra.