Para ajudar a manter o país na “vanguarda” das smart cities, o Brasil terá, agora, um Observatório de Cidades Inteligentes (OBCI). A entidade foi criada durante a Smart City Expo Curitiba 2018, que teve lugar entre os dias 28 de Fevereiro e 3 de Março, e terá sede em São Francisco, nos Estados Unidos da América, permitindo, desta forma, auscultar as últimas tendências em Silicon Valley e adaptá-las à realidade brasileira.

O Observatório, que junta a Assespro (Federação Nacional das Empresas de Software), o IBQP (Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade) e o iCities Smart Cities Solution, pretende ser um referencial determinante no caminho seguido pelas chamadas “cidades inteligentes”, de modo a tornar-se um fórum preponderante em termos de regulação do mundo moderno. Assim, o OBCI coloca-se como pedra primordial na agregação, tradução e divulgação de conhecimento de interesse comum no que à matéria das smart cities diz respeito.

 

André Telles, director e co-fundador do iCities, destacou o primeiro fórum internacional sobre o tema, em Curitiba, como o ponto de partida. “Esse foi um dos primeiros eventos focados 100% em cidades inteligentes no Brasil. De lá para cá, nós vimos vários segmentos se desenvolvendo a partir da questão das smart cities. Posso citar a questão das energias renováveis nas cidades, como biomassa, biogás, energia fotovoltaica e energia eólica. Além disso, houve um forte crescimento no apoio ao ecossistema de empreendedorismo de impacto, em especial, que envolve as start-ups, muitas delas com vocação para resolver problemas urbanos. Vimos um envolvimento maior com políticas públicas para que essas empresas com base tecnológica se desenvolvessem pelo Brasil”, referiu o empresário em declarações, por escrito, à Smart Cities.

O Observatório Brasileiro das Cidades Inteligentes vai ter sede em Silicon Valley, espaço de excelência da tecnologia, onde estão sediadas inúmeras empresas de vanguarda, entre elas a Apple, a Google e o Facebook. Pedro Henrique Lopes Bório, embaixador do Brasil nos Estados Unidos, sublinhou, numa mensagem gravada em vídeo, a obrigação do Brasil de se “manter na vanguarda das cidades inteligentes, depois de receber o reconhecimento da Fira Barcelona, com a realização do Smart City Expo. A função do OBCI vai ser acompanhar de perto as discussões em São Francisco, numa conexão directa com o Vale do Pinhão [Ecossistema de Inovação de Curitiba]. O Observatório irá, assim, permitir agregar o que de melhor se faz num dos maiores pólos tecnológicos do mundo, em termos de políticas públicas para o desenvolvimento de smart cities, e adequar as medidas a aplicar ao mercado brasileiro.

“As inovações trazem novas perspectivas e melhorias dentro daquilo que já existe por meio ou de tecnologias ou de metodologias mais eficientes e menos burocráticas”, aponta André Telles. No entanto, em termos sociais, “há ainda um longo caminho a percorrer” para que as políticas integradas de smart cities criem um verdadeiro impacto na população, de modo que a sua qualidade de vida melhore substancialmente, lamenta. “Se você tem uma cidade planejada com menos alagamentos ou tragédias naturais, por exemplo, você consegue ter uma melhora na questão social bastante interessante. A criação de cidades, ruas e bairros inteligentes é destinada a toda a população, já que as regiões urbanísticas planejadas produzem um impacto significativo em várias áreas, como saúde, segurança, mobilidade urbana, educação, entre outras”, explica o responsável.

O tema das “cidades inteligentes” e “cidades sustentáveis” é, actualmente, um tema em debate no Brasil e surge num período determinante da vida do país. 2018 trouxe a primeira edição brasileira do Smart City Expo World Congress, uma mostra para debater a temática, mas já antes, em 2010, a problemática tinha surgido para se impor como fulcral no desenvolvimento do Brasil.