#CIDADÃO é uma rubrica de opinião semanal que convida ao debate sobre territórios e comunidades inteligentes, dando a palavra a jovens de vários pontos do país que todos os dias participam activamente para melhorar a vida nas suas cidades. As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.
Coruche prepara-se para estar na linha da frente do Cross-Training Outdoor que se pratica por cá. O X-Fittest (Cross Fittest ou Cross Fitness Test) está de volta, depois de, na edição inaugural, em 2017, ter convertido Oeiras numa Cross City nacional.
Não é de hoje a preocupação de muitas cidades portuguesas em aproveitarem as potencialidades do desporto ao ar livre para dinamizarem o espaço público. Mas nem sempre as melhores intenções encontram ideias concretas e adequadas, ou o mesmo é dizer que há bons propósitos e potenciais casamentos felizes entre desporto e cidade que se tornam verdadeiros quebra-cabeças para o planeamento autárquico. Este parece não ser o caso de Coruche, que se prepara para acolher a segunda edição do X-Fittest. Depois de Oeiras, município que recebeu a edição de estreia, a competição de cross-training outdoor vai sair às ruas da vila ribatejana, entre 7 e 8 de julho.
“Portugal a duas, três, quatro ou a quantas velocidades queiramos falar é um conceito do passado… Deu lugar a uma junção de influências, que, no desporto, tal como no planeamento municipal, floresce em felizes sinergias”.
Para aqueles que desconhecem esta (ainda) recente modalidade no nosso país (e são cada vez menos aqueles que ainda não se cruzaram direta ou indiretamente com ela), o cross-training traduz-se na combinação de dois ou mais desportos com vista, claro está, à melhoria da aptidão física. Nesse sentido, há atletas de alta competição a complementarem a sua preparação com o cross-training, mas também quem opte por esta via, única e exclusivamente, para cuidar da saúde. E há cidades e vilas que o fazem também… Municípios como Coruche, que, trazendo o cross-training para o espaço público, colocando-o fora de portas, provam que esta vertente desportiva não é um exclusivo dos ginásios e pode até crescer e desenvolver-se, aproveitando aquilo que de melhor o espaço exterior oferece.
Maria de Fátima Galhardo, vereadora do desporto da câmara municipal de Coruche, justifica a opção de investimento dos coruchenses no X-Fittest com o acompanhamento necessário a uma tendência crescente nas novas práticas desportivas. As cidades atuais não podem, ou não devem, desviar-se do caminho das populações naquilo que são as suas rotinas e escolhas pessoais. Coruche, como sede de um dos maiores municípios de Portugal, não pode também. Pelo contrário, há que apostar na inclusão social por via da união de hábitos e estes começam a ser construídos desde cedo. No X-Fittest, por exemplo, as duplas (femininas e masculinas) que entrarão em prova vão dividir-se nas categorias Teens, Elite e Masters, que, por sua vez, irão discutir pelo menos cinco desafios. Tudo a pensar nas características que diferenciam os participantes. Mais uma vez, inclusão é a palavra de ordem numa iniciativa que está aberta dos 15 aos 80 anos, mas só para quem já garantiu essa presença. Isto porque, a cerca de dois meses, já estão esgotadas as inscrições.
Falamos hoje de Coruche como pioneiro no incentivo a um cross-training que dá ainda os primeiros passos em Portugal e pioneiro também na deslocalização que promove. Em julho, vai haver uma vila no Ribatejo que prova que os grandes eventos não se cumprem apenas em Lisboa e no Porto. Portugal a duas, três, quatro ou a quantas velocidades queiramos falar é um conceito do passado… Deu lugar a uma junção de influências, que, no desporto, tal como no planeamento municipal, floresce em felizes sinergias.