Todos os anos, o anúncio da eleição da cidade europeia do desporto representa o início de um projeto desafiante para as autarquias, projeto esse que envolve não só um balanço àquilo que já foi feito, mas também (e sobretudo) uma análise àquilo que está por realizar nesta matéria. E é muito aquilo que se tem feito nos municípios portugueses por via do desporto.
O momento da eleição poderia definir-se como uma balança entre o trabalho desenvolvido e as metas a atingir a nível desportivo, sendo que estas últimas levam invariavelmente vantagem no “deve e o a haver” do estatuto de cidade europeia.
É a oportunidade para toda a cidade (e não só o poder autárquico) concentrar esforços em prol de um bem comum e, dúvidas houvesse, os últimos anos têm revelado autênticas maratonas em Portugal, com casos de sucesso resultantes da nomeação a Cidade Europeia do Desporto. Este ano, em Portimão, a mobilização do município para o desporto tem resultado em numerosos eventos, como a receção da gala dos prémios CNID 2019, do Grande Prémio de Portugal F1 em Motonáutica ou da Liga das Nações de Voleibol.
“Se é verdade que pequenos gestos podem fazer toda a diferença, é, sem dúvida, graças ao investimento financeiro (direto ou indireto) extra, proveniente da nomeação a Cidade Europeia do Desporto que a maioria dos eventos acontece. Por isso, há que fazer ‘viver’ a aposta, dar-lhe continuidade, para além dos 12 meses de estatuto diferenciado das demais autarquias”.
Ainda recentemente, os esforços bracarenses elevaram a cidade dos Arcebispos à melhor na Europa do Desporto em 2018, com várias ações a arrancarem num ano especial para o município minhoto. A renovação do Parque Desportivo da Rodovia, o processo de renovação de 30% da frota dos Transportes Urbanos de Braga e projetos como o BUILD – Laboratórios para a Descarbonização cresceram a par das centenas de atividades desportivas realizadas na autarquia. Braga a seguir as pisadas de Gondomar, Setúbal ou Loulé, que, nos anos anteriores, potencializaram os recursos locais (e não apenas os materiais!) para promover a prática desportiva e, dessa forma, reforçar a inclusão social e a preocupação ambiental. Se é verdade que pequenos gestos podem fazer toda a diferença, é, sem dúvida, graças ao investimento financeiro (direto ou indireto) extra, proveniente da nomeação a Cidade Europeia do Desporto que a maioria dos eventos acontece. Por isso, há que fazer “viver” a aposta, dar-lhe continuidade, para além dos 12 meses de estatuto diferenciado das demais autarquias.

O trabalho da ACES PORTUGAL – Associação Portuguesa das Cidades Europeias do Desporto tem ajudado a alicerçar as condições em que as cidades preparam e desenvolvem as suas atividades durante e após o ano de vigência da eleição. Agregando contributos de organismos ligados direta ou indiretamente ao desporto, a ACES Portugal tem fortalecido a aposta autárquica no “desporto para todos”, elevando os padrões de qualidade no desenvolvimento de cidades inteligentes, abertas às necessidades dos cidadãos. É desse reconhecimento que devem viver as nossas cidades, percebendo o carácter inclusivo que o desporto tem no crescimento pleno do país.
Em 2021, Lisboa será Capital Europeia do Desporto. Simbólica a nomeação da capital portuguesa que se empenhou na candidatura, discutida até ao fim com Haia (na Holanda). Lisboa tem agora a responsabilidade de efetivar as melhores intenções já expressas de democratizar o espaço público, procurando a mobilização de todos aqueles que vivem a cidade e a catapultaram como destino de referência mundial.
#CIDADÃO é uma rubrica de opinião semanal que convida ao debate sobre territórios e comunidades inteligentes, dando a palavra a jovens de vários pontos do país que todos os dias participam activamente para melhorar a vida nas suas cidades. As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.