À medida que são aligeiradas as imposições de confinamento, cidades de todo o mundo estão a redistribuir o espaço público na procura de uma mobilidade urbana mais sustentável. Depois de Bogotá, Berlim, Bruxelas, Milão ou Budapeste, foi a vez de Barcelona apresentar, no passado dia 25 de Abril, o seu plano para a mobilidade pós-pandemia.

O plano apresentado por Barcelona quer limitar o crescimento da circulação de automóveis e aposta no transporte público e nos modos suaves: a capital da Catalunha vai melhorar a rede de vias BUS e vai implementar mais 21 quilómetros de ciclovias e mais 12 quilómetros de espaço pedonal.

Por todo o mundo, as cidades estão a aproveitar o actual período de confinamento das populações para redefinir a mobilidade urbana e preparar um regresso às ruas no qual o distanciamento físico deverá ser crucial. O objectivo da cidade liderada pela alcaldesa Ada Colau é claro: “promover as deslocações a pé, de bicicleta e de transporte público”, ao mesmo tempo que se “limita a expansão dos veículos privados na cidade”.

A lotação dos transportes públicos encontra-se condicionada, para garantir a segurança dos passageiros e urge, então, encontrar respostas que não passem pelo aumento da utilização do automóvel particular. Espaço que era, até aqui, monopolizado pela circulação automóvel está agora a ser redistribuído por modos mais sustentáveis e eficientes de transporte, privilegiando-se as deslocações a pé e de bicicleta, em paralelo com a aposta no transporte colectivo.

Redistribuir espaço: menos carros, mais pessoas e mais bicicletas

O plano da cidade catalã prevê o corte de vias de circulação automóvel em várias artérias da cidade, assim como a redução da velocidade máxima permitida, que passa a ser de 30 quilómetros por hora em algumas zonas. O objectivo? Dar mais espaço e segurança à circulação pedonal, possibilitando a manutenção do distanciamento físico necessário no actual contexto pandémico, promovendo simultaneamente as deslocações não poluentes. O asfalto contíguo aos actuais espaços pedonais será sinalizado através de pinturas e os peões vão usufruir de um espaço de circulação alargado.

Parte da Avenida Diagonal e da Gran Via de les Corts Catalanes, duas das principais artérias da cidade, serão encerradas ao trânsito motorizado. Estes encerramentos, em conjunto com a implementação das outras medidas previstas pelo município, vão permitir o aparecimento de mais 12 quilómetros e 30 mil metros quadrados de espaço de circulação pedonal em Barcelona.

A cidade quer “evitar a expansão dos veículos privados quando se iniciar o desconfinamento” e vai, para isso, ampliar as zonas de estacionamento pago, passando a aplicar o novo tarifário de parqueamento aprovado para o presente ano, revela o município no seu site.

Para além disso, estão previstas 17 intervenções para “segregar, modificar ou criar” vias BUS e a criação de 21 novos quilómetros de ciclovias em dez novos percursos. Os planos para a promoção da mobilidade ciclável não se ficam por aqui. O Bicing – sistema de bicicletas partilhadas de Barcelona – reabriu no dia 23 de Abril com novidades: foram instaladas 57 novas estações instaladas pela cidade.

Com uma população de 1,6 milhões e com mais de 5 milhões de habitantes na sua área metropolitana, Barcelona pretende “garantir uma saída do confinamento progressiva e segura” e o plano que desenhou para a mobilidade pós-pandemia contempla, para além do incentivo às deslocações a pé, a aposta na bicicleta e na melhoria dos percursos para os transportes públicos rodoviários.