A saúde humana corre sérios riscos se não forem tomadas medidas sérias de protecção ambiental. Todavia, a crescente urbanização do mundo pode ser uma oportunidade para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos enquanto é percorrido o caminho rumo às metas de acção climática. A conclusão é do sexto relatório ambiental global publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que pede “acção imediata”.
O documento, apresentado como a mais detalhada e rigorosa avaliação do estado do ambiente realizada pela ONU nos últimos cinco anos, foi tornado público na capital do Quénia, Nairobi, na quarta edição da assembleia ambiental da Organização das Nações Unidas, que decorreu entre os dias 11 e 15 deste mês e que juntou ministros do ambiente de todo o mundo.
A necessidade de fazer aumentar a escala da acção climática e da protecção ambiental a nível global, sob pena da subida de risco para a saúde humana, é o principal aviso do relatório, que revela que as mortes prematuras podem sofrer um aumento na ordem dos milhões a meio do século, sobretudo em cidades e regiões do continente asiático, Médio Oriente e África. O panorama global traçado pelo documento realça, ainda, que a ciência e a tecnologia necessárias à mudança exigida já existem e que o investimento de apenas 2% do produto interno bruto (PIB) de todos os países numa economia ambientalmente sustentável seria capaz de assegurar a manutenção do crescimento económico e garantir “menores impactos” resultantes das alterações climáticas, da escassez de água ou da perda de ecossistemas.
Actualmente, as metas definidas nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, para 2030 e 2050, não são, segundo o relatório, alcançáveis.
Para além de apontar medidas como a adopção de dietas menos intensivas no consumo de carne, a redução do desperdício alimentar, ou a aposta nas energias limpas, o documento nota a importância do papel que as cidades podem representar na redução da pegada ambiental. Ao relevar o actual elevado ritmo de urbanização global, o relatório aponta o caminho: melhorias na governança, na infra-estrutura verde e no planeamento do uso do terreno das cidades podem não só reduzir impactos ambientais como também representar melhorias na qualidade de vida dos cidadãos.
O relatório foi o resultado do trabalho de 250 cientistas e especialistas de mais de 70 países e destaca, entre outros, o potencial das cidades na tomada de acção climática, tendo em conta que, em 2050, e segundo contas da ONU, 68% da população mundial viverá em zonas urbanas.