A maior conferência de tecnologia do mundo, que já apelidaram de Davos para geeks, foi criada em 2010 e atinge o seu ponto alto em Lisboa, de 7 a 10 de Novembro, onde são esperadas 50 mil pessoas. Antes disso, em Coimbra, juntaram-se algumas dezenas de empreendedores para preparar o evento e partilhar experiências, o resultado foi: um guia prático.

Nas últimas semanas, muito se tem falado da Web Summit e muito se tem especulado, mas, acima de tudo, muito tem acontecido em torno deste evento de proporções inéditas em Portugal. É inegável a importância que a Web Summit já tem e vai continuar a ter para o desenvolvimento de Portugal (e não só Lisboa), enquanto startup nation, num projecto a três anos.

Podia falar-vos na qualidade de director geral de uma empresa que esteve presente no programa alpha em edições anteriores da Web Summit, mas acredito que consigo entregar muito mais valor se partilhar um resumo daquilo que foi um conjunto de reflexões realizadas em torno deste tema por um grupo bastante variado de empreendedores que já experimentaram edições anteriores.

Coimbra não poderia ficar indiferente a um momento determinante para o país e, porque a comunidade de empreendedores desta cidade percebeu que a experiência acumulada por empreendedores que já passaram por edições anteriores da Web Summit, em Dublin, é muito valiosa, organizou, durante os meses de Setembro e Outubro, alguns meetups no âmbito da Web Summit Community Coimbra, onde foram debatidas as melhores práticas para tirar o máximo de uma participação na edição deste ano, seja na perspectiva do visitante, seja do expositor.

Inês Santos Silva, head of Operations & Growth da Ripe Productions, destacou a necessidade de se fazer o trabalho de casa bem feito e identificar as pessoas com quem se quer efectivamente encontrar e ter oportunidade de falar. O passo seguinte, que é também destacado por Frederico Carvalho, founder do ClickSummit, é instalar a app Web Summit e tentar marcar reuniões com essas mesmas pessoas. A app também será muito útil para conciliar a agenda de reuniões que vai marcar, com os eventos ou talks que não quer mesmo perder.

Reuni três dicas rápidas repetidamente assinaladas para quem vai visitar:

  • Considere seriamente levar calçado confortável, pois vai andar (mesmo) muito;
  • Não deve esquecer o powerbank – a bateria do seu smartphone vai “morrer” várias vezes. Tal será a utilização da app do evento, como a necessidade de acompanhar e interagir o que está a acontecer nas redes sociais. Assim como um pacote de dados robusto, não se pode perder de vista que são esperadas 50 mil pessoas e o Wi-Fi não vai ser infinito;
  • E, como não poderia deixar de ser recomendado, leve consigo muitos cartões de visita.

Miguel Loureiro, director of Technology da Uniplaces, destacou a necessidade de manter o foco, seja ele qual for (investimento, parcerias, recrutamento, etc.). Tendo ainda apontado a possibilidade de reforço da marca para efeitos de recrutamento e a consolidação da relação com parceiros, fornecedores ou clientes através de interacções pessoais como bons pontos de vista para abordar a Web Summit.

Quando se chegou ao momento em que o tema tratado foi “Que benefício retirei efectivamente das minhas participações na Web Summit?”, apenas Pedro Bastos, co-founder & COO da IgniteStartup, conseguiu apresentar resultados mais tangíveis, para além da quase unânime inspiração. Identificando a oportunidade de representar a marca HappyOrNot em Portugal, como um achievement alcançado numa das edições anteriores, em Dublin.

Filipe Quinaz, CEO da Nuada, frisou que a Web Summit pode ser mais ou menos relevante para as empresas consoante o estado de maturação dos projectos.

Karl Smyth, art/creative director irlandês, identificou como uma das grandes mais-valias da participação na Web Summit o screening dos mercados em que atuamos, assim como a detecção de novas tendências. Adiantando também que uma primeira participação servirá essencialmente de aprendizagem para edições futuras.

A realização de side events à Web Summit, de acordo com Roberto Machado, CEO da Subvisual, pode ser uma estratégia altamente diferenciadora e eficaz para conseguir reunir um conjunto de pessoas com quem se quer estabelecer ligações pessoais. Neste aspecto particular, também Inês Santos Silva corroborou, sendo mesmo organizadora de alguns desses eventos (o Biohacking Breakfast ou o Teckfugees Meetup).

Frederico Carvalho, que esteve presente nas edições de 2013, 2014 e 2015, partilha quatro dicas rápidas para quem vai expor:

  • “Levar comprimidos para a garganta, porque vai falar muito e repetir o pitch centenas de vezes em muito pouco tempo;
  • Não apostar em brindes. Vão estar a competir com empresas muito grandes e budgets de merchandising gigantes. É uma guerra perdida a não ser que tenham algo verdadeiramente diferenciador;
  • (Esta não devia partilhar, mas aqui vai) Guardar a placa do stand para a reutilizar nos dias seguintes. Há sempre booths livres que podem ser “ocupados” e assim prolongar o tempo de exposição do projecto;
  • Stand diferenciador, dar cor em cima da madeira standard reservada a todos os expositores pode ser uma forma económica e eficaz de obter destaque entre centenas de outras marcas”.

follow up dos contactos mais importantes que se estabelecem durante os dias do evento é considerado fundamental por todos os empreendedores que partilharam as suas experiências e o LinkedIn a ferramenta privilegiada para o efeito.

Sobre o lado negro da Web Summit, e seguindo a dica do Roberto Machado, pesquisei sobre as agressivas estratégias de marketing a roçar a falta com a verdade e a pressão emocional que colocam nas startups e nos seus founders, muito se tem escrito e dito, mas deixo do vosso lado a decisão de analisarem e tirarem as vossas próprias conclusões sobre este mega evento e para isso convém sempre dar espaço ao contraditório.

Foto: Inês Santos Silva e Karl Smyth.