Onze novas carreiras, 400 novas bicicletas eléctricas e um novo sistema flexível e on-demand. Estas são as novidades que o MobiCascais está a preparar para 2019.  Miguel Pinto Luz, vice-presidente da câmara municipal de Cascais, faz um balanço positivo desta solução integrada e reforça que “a mobilidade intermunicipal é uma preocupação” da autarquia cascalense.

Que balanço fazem, até aqui, do MobiCascais?

O sistema integrado MobiCascais já tem dois anos de existência. Se tivesse de escolher uma palavra que os descrevam escolheria “sucesso”. Quando iniciámos este projecto, fizemo-lo com o objectivo de melhorar a vida dos cascalenses e proporcionar uma mobilidade de excelência àqueles que nos visitam. Não tenho dúvidas de que temos conseguido. Para isso, muito contribuiu o enorme investimento que a autarquia tem feito, quer na compra de materiais circulantes, quer na contratação de recursos humanos. Uma grande parte deste sucesso também é dos utilizadores. São eles que, através da sua utilização e das suas sugestões, que nos estimulam a trabalhar e a melhorar o nosso serviço todos dos dias.

O que há ainda a melhorar?

Um sistema integrado de mobilidade anda sempre à procura de novas formas para se reinventar. Temos de ter esta postura, pois o mundo actual está em constante processo de inovação e só nos conseguimos manter actuais e prestar verdadeiro serviço público se acompanharmos esse processo.

Há novidades para este ano que se avizinha?

Para 2019, em relação à mobilidade suave, temos agendada a introdução de 400 novas biCas eléctricas e outros meios alternativos de mobilidade eléctrica e a construção de um novo posto de biCas de lazer em Carcavelos. Para o transporte público rodoviários, temos programado um aumento de 33% em número de carreiras, traduzindo-se em 11 novas linhas. Também a nossa aplicação será alvo de melhorias, passando a disponibilizar informação em tempo real sobre as carreiras, aumentando o conforto para os utentes e permitindo uma melhor gestão de tempo. Mas a grande novidade será o lançamento de um novo sistema de transporte colectivo de passageiros que será flexível e a pedido, permitindo optimizar rotas, reduzir custos e melhorar o serviço. Sobre este novo sistema de transporte, teremos mais novidade num futuro próximo.

Aquando do planeamento da solução, quais foram as principais dificuldades?

Não nos concentrámos nas dificuldades, mas sim nas soluções. Quisemos, desde a primeira hora, ter um centro de soluções para todos os problemas que nos pudessem aparecer. Assim, surgiu o C3 (Centro de Controlo de Cascais), onde tudo é controlado em tempo real, o que permite uma optimização de recursos e garante um serviço de grande qualidade e rapidez na resposta, quer no planeamento, quer na resolução de incidentes.

Que dimensões foram tidas em conta para criar esta solução integrada?

Não é novidade que em Cascais pretendemos que os transportes públicos rodoviários sejam gratuitos. Sabemos que temos um longo caminho pela frente, mas estamos mais perto hoje do que estávamos há dois anos. Hoje, um jovem com menos de 15 anos de idade tem acesso a um passe gratuito para utilizar os transportes públicos rodoviários e os nossos seniores, com 65 ou mais anos, pagam apenas 14,50 euros pelo mesmo passe. Todos os municípios urbanos têm como desafio mudar para melhor a mobilidade de todos os que lá vivem e trabalham ou de quem os visita, Cascais não é diferente e a única e melhor forma é reduzir a necessidade do veículo particular, migrando grande parte das viagens para o transporte colectivo de passageiros e complementando com a mobilidade suave.

Na vossa opinião e no caso de Cascais, planear para a mobilidade sustentável passou mais pela construção de infra-estruturas ou pela combinação e integração do que já existia?

Cascais já tinha alguns serviços de mobilidade, mas que não eram totalmente satisfatórios. Os transportes não eram organizados de forma a servir o munícipe da melhor maneira, cada empresa operava da sua forma e os horários, por exemplo, não eram compatíveis. Com o início do sistema MobiCascais isso acabou. Há uma nova organização nos transportes e um reforço muito importante dos meios circulantes. Para além do reforço de rotas e número de autocarros, a autarquia apostou – e aposta – forte na mobilidade suave, estimulando o uso de veículos não poluentes, como é o caso das bicicletas. Para além de um inovador sistema de partilha de bicicletas, as biCas, criámos várias ciclovias para que todos possam circular comodamente e com segurança, sejam eles utilizadores do MobiCascais ou não. Criámos também parques de estacionamento de baixo custo e parques gratuitos, situados em zonas estratégicas, para que os utentes possam deixar as suas viaturas e usar os transportes públicos, poupando, dessa forma, tempo e dinheiro.

“Todos os municípios urbanos têm como desafio mudar para melhor a mobilidade de todos os que lá vivem e trabalham ou de quem os visita, Cascais não é diferente e a única e melhor forma é reduzir a necessidade do veículo particular, migrando grande parte das viagens para o transporte colectivo de passageiros e complementando com a mobilidade suave”.

Melhorar o serviço dos transportes públicos é fundamental para desincentivar o uso do carro particular. Como estão a fazê-lo?

Pela nossa experiência, a melhor forma de desincentivar o uso do carro particular é dar às pessoas uma verdadeira opção de escolha. Em Cascais trabalhamos todos os dias para que o MobiCascais seja uma opção viável e real. Por exemplo, recentemente foi assinado um protocolo com a Escola Superior de Saúde do Alcoitão que visa dar acesso à rede MobiCascais a todos os alunos, consequentemente a carreiras busCas Estoril viu o seu percurso alterado e foram criadas mais quatro paragens. Em 2019, vamos lançar uma nova carreira 100% dedicada a uma rede de escolas do concelho cujo objectivo passa por deixar de ser necessário os pais levarem as crianças à escola. Estes são apenas alguns dos exemplos práticos das melhorias que estamos a introduzir no serviço público prestado pelo MobiCascais.

De que forma o MobiCascais se encaixa numa solução metropolitana?

Todos os dias, são milhares os cascalenses que se movem pela Área Metropolitana de Lisboa, por isso, a mobilidade intermunicipal é, também, uma preocupação nossa. Só teremos um concelho com uma mobilidade de excelência se conseguirmos ter um serviço de transporte que ligue Cascais a Lisboa de uma forma totalmente eficaz, o que não acontece actualmente. É por isso que a câmara municipal de Cascais se bate por obras de melhoria na linha férrea e está a estudar outras alternativas, como o BRT (Bus Rapid Transit), por exemplo. No entanto, sabemos que estamos limitados à nossa área geográfica, e é aqui que temos maiores responsabilidades. Vamos continuar a abrir novas linhas, como a linha Escolar da Malveira, que servirá brevemente 300 alunos, a criar novas ciclovias, como a da Nova SBE, em Carcavelos, e a integrar novos serviços de mobilidade.

Faz sentido pensar a mobilidade como um serviço público?

Sim, faz. A mobilidade é um dos maiores desafios do século XXI. Não há dúvidas de que quem não se modernizar nesse sentido ficará para trás. Temos, por isso, enquanto autarquia, essa responsabilidade e obrigação. São várias as cidades onde o carro já não é uma opção válida, ou porque o estacionamento é escasso ou porque o sistema de transportes é tão evoluído que não justifica o seu uso. Se o primeiro caso é, infelizmente, uma realidade de Cascais, queremos que o segundo também o passe a ser. Para isso é necessário continuar o trabalho de integração e otimização que temos vindo a desenvolver.