O Smart City Expo World Congress (SCEWC) começa hoje, em Barcelona. São três dias para ouvir especialistas internacionais, debater ideias e conhecer novas soluções. 600 cidades, 412 oradores, centenas de empresas e milhares de visitantes de todo o mundo juntam-se na capital da Catalunha para desenhar as principais tendências para as cidades. Em exposição, há, pelo menos, cinco empresas portuguesas à procura de oportunidades de negócios.

Quando se procura um exemplo do que poderá ser uma cidade inteligente, é raro não pensar em Barcelona. A cidade tem estado na linha da frente dos projectos de inovação (tecnológica e não só) e os diversos prémios e títulos internacionais que já mereceu comprovam-no. Mas, nos últimos anos, em meados de Novembro, a referência à cidade acontece também por outras razões: é altura do Smart City Expo World Congress, a principal feira internacional de smart cities.

As portas da sexta edição do evento abrem hoje. Para este ano, o tema proposto pela organização coloca a componente tecnológica das smart cities em segundo plano e foca-se em quem vive nestas cidades. “Cidades para os cidadãos” é o pano de fundo dos mais de 60 eventos previstos neste congresso, entre sessões plenárias, sessões paralelas, mesas redondas, etc. Como desenvolver estratégias para reforçar a participação e envolvimento democráticos das pessoas na vida das cidades onde vivem, com vista ao progresso e desenvolvimento, é o desafio a que se propõem responder.

Em exposição, estão centenas de empresas e, para além dos nomes mais conhecidos, como Cisco, Microsoft, Mastercard, Philips, Seat, Siemens, SAP, Huawei ou ZTE, há também stands onde o português é o idioma principal. Cavedigital, Magnum Cap, MPT – Mobilidade e Planeamento do Território, Navia (A2O) e Ubiwhere são as empresas lusas que aproveitam a ocasião para mostrar ao mundo as suas soluções.

Com a promessa de desmaterializar o ecossistema da tomada de decisão dentro das entidades, nomeadamente as câmaras municipais, a Cavedigital leva, pelo segundo ano consecutivo, o SmartGovernance a Barcelona. “É o corolário da nossa aposta em feiras internacionais, pois podemos interagir, num único evento, com múltiplos stakeholders internacionais responsáveis por opções e decisões estratégicas que moldam a organização actual e futura das cidades”, explica a empresa. As cidades “correspondem a uma das apostas” da solução, pelo que se espera que a presença em Barcelona represente um “acréscimo de reconhecimento/awareness dos stakeholders” face ao produto “como solução para os processos de tomada de decisão digitais, bem como o acréscimo de leads directas – acção com os participantes da Feira – e indirectas, via parceiros comerciais”, antecipa.

A área da energia sustentável, em particular no que se refere à mobilidade eléctrica, é a “praia” da Magnum Cap. A produção de sistemas de carregamento para veículos eléctricos e de armazenamento de energia, assim como a integração de redes inteligentes e renováveis tem sido o principal foco da empresa de Aveiro, que está também presente na feira de Barcelona.

Planear e desenhar cidades com qualidade e de forma inclusiva tem sido a inspiração da MPT – Mobilidade e Planeamento do Território, pelo que o tema do SCEWC de 2016 não podia ser mais apropriado para a empresa fundada por Paula Teles. Com mais de uma década no mercado, a sua visão assenta na “relação das pessoas com os lugares, através de práticas de planeamento e projecto integradas, envolvendo as vertentes da gestão da mobilidade, do planeamento do território e requalificação urbana, do desenho da cidade, da arquitectura, da inclusão social e comunidades desfavorecidas, da arquitectura paisagista e da ecologia urbana”, lê-se no sítio on-line.

Na estada em Barcelona, a Navia leva na bagagem 15 anos de experiência enquanto empresa de Tecnologias de Informação. Como ambição, a empresa aponta a “simplificação de processos de gestão operacional através da introdução de soluções tecnológicas, como forma de garantir a sustentabilidade económica e ambiental de infra-estruturas, processos e territórios”. Jorge Tavares, director-geral, explica o posicionamento da Navia no mercado das cidades inteligentes: “Numa fase inicial, actuamos junto das infra-estruturas básicas das cidades, introduzindo o conceito agile operations na sua gestão operacional. Actualmente, fornecemos Centros de Comando que permitem a gestão integral de uma cidade, garantindo a operação e manutenção de espaços públicos, infra-estruturas, segurança, serviços públicos, iluminação resíduos, água, etc., através de uma única plataforma partilhada e colaborativa”. Na feira, a Navia vai apresentar a sua mais recente aplicação de cidadania participativa. “Uma app que permite a integração efectiva do cidadão no workflow das equipas que gerem as cidades, transformando-o numa parte activa da gestão e da preservação do bem público. Através desta aplicação, o comum cidadão tem a oportunidade de comunicar directamente com o departamento adequado, qualquer ocorrência, mau funcionamento ou imprevisto, na certeza de que será respondido e informado sobre a resolução do evento em causa. É a preservação do património e dos recursos de todos, através da inclusão de todos”, remata o responsável.

Já para a Ubiwhere, 2016 vai ser o terceiro ano em que participa na feira de Barcelona, apresentando o consórcio Citibrain. ”A presença no SCEWC é de extrema importância para o Citibrain, dado ser um evento inteiramente dedicado ao nicho de mercado que queremos atingir – as cidades inteligentes. Esta é uma oportunidade única de mostrar a evolução das nossas soluções inteligentes para as cidades do futuro, conseguindo captar visibilidade a uma escala mundial, já que este é um evento que recebe milhares de visitantes de todo o mundo”, admite a Ubiwhere. O Citibrain é um consórcio especializado em soluções inteligentes para as cidades. “Criatividade, conhecimento e inovação estão no cerne da estratégia do Citibrain, focado em iniciativas de crescimento – Internet do Futuro e Cidades Inteligentes –, tendo em mente o ambiente global e o estilo de vida urbano”, descreve.

Para quem visita o certame, a juntar à azáfama dos corredores da exposição, há seis salas de conferência paralelas e um grande auditório, onde há sempre algo a acontecer. À semelhança do que tem acontecido em edições anteriores, também este ano o SCEWC é uma oportunidade para ouvir especialistas reconhecidos internacionalmente nas mais variadas áreas, com enfoque na Governança, Economia, Sociedade, Sustentabilidade, Mobilidade, Dados e Tecnologia, Segurança e Economia Circular. Ellen MacArthur (fundadora da Fundação Ellen MacArthur), Parag Khanna (consultor geo-estratégico e autor de best-sellers), Susan Etlinger (analista na área das tecnologias emergentes) e David Boiler (co-fundador do Commons Strategies Group e especialista em commons enquanto novo paradigma económico, político e cultural) são os keynotes que prometem encher o auditório principal da Fira de Barcelona, mas há muito mais para ouvir (consultar programa completo aqui).

 

Foto: ©Smart City Expo World Congress