Melhorar a comunicação da cidade enquanto “ecossistema de inovação vibrante” e alavancar o crescimento para que Coimbra possa “competir globalmente com outras cidades de média dimensão” são os desafios a que a recém-criada alphaCoimbra quer dar resposta. A associação sem fins lucrativos foi apresentada a 11 de Outubro e promete trazer um “novo impulso” à cidade dos estudantes. Nesta travessia, Rui Nuno Castro é o homem do leme, mas tem consigo uma tripulação experiente, entre eles nomes como Pedro Machado (presidente da Turismo Centro de Portugal), Helena Freitas (Universidade de Coimbra), Gonçalo Quadros (Critical Software), Pedro Rocha Vieira (beta i), Filipe Araújo (CM Porto), Adolfo Mesquita Nunes, Basílio Simões (Vega Ventures), Paulo Barradas (Bluepharma), Paulo Marques (Feedzai), Teresa Fernandes (AICEP).

 

 

Qual o potencial de Coimbra para ser uma cidade empreendedora e motor de inovação?

Rui Nuno Castro: Coimbra tem condições únicas para se poder afirmar como uma das cidades de média dimensão mais inovadoras da Europa. Desde logo a Universidade e o Instituto Politécnico, a que juntamos o Instituto Pedro Nunes e o Biocant e isto para não referir as demais instituições que dão corpo a um ecossistema de inovação com características únicas em Portugal, como o de Coimbra. Beneficiamos de uma centralidade geográfica que nos coloca estrategicamente posicionados entre as duas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, que são também, hoje, dois grandes pólos de inovação e empreendedorismo e que, bem concertados, a trabalhar em rede, podem ser altamente eficientes na consecução do objectivo de tornar Portugal numa verdadeira start-up nation.

O que é preciso fazer para desbloquear esse potencial?

Acredito que aqui a alphaCoimbra pode assumir um papel fundamental, conferindo sustentabilidade a uma comunidade de empreendedores que existe e que tem demonstrado ser bastante dinâmica, mas que, ao longo do tempo, tem dependido das pessoas que, individualmente ou em pequenos grupos, têm tido essas iniciativas. Isso determina que as iniciativas ficam reféns da disponibilidade e da condição dessas pessoas, o que se tem provado que invariavelmente leva à sua descontinuidade, em prejuízo da comunidade. A complementaridade e a sintonia entre as iniciativas da comunidade e as iniciativas de génese institucional permitirão dar um novo impulso a Coimbra.

 

Que outros desafios identificam?

Temos mais dois a que podemos e queremos dar resposta com alguns compromissos que também assumimos com a comunidade através do nosso manifesto e que poderão ser igualmente factores desbloqueadores desse potencial. São eles o da comunicação e do crescimento. Na área da comunicação, pretendemos refrescar a forma como Coimbra comunica e afirmá-la como um ecossistema de inovação vibrante. A região de Coimbra é e sempre será inovadora. É imperioso comunicar melhor a sua capacidade única de gerar conhecimento e de se reinventar através da aplicação desse conhecimento. Conquistar um amplo reconhecimento externo desta realidade, criará valor para todos os agentes – indivíduos, empresas e instituições – reforçando a sua credibilidade e a sua competitividade.

 

Relativamente ao crescimento, o que pretendem fazer?

Entendemos o desfio do crescimento como determinante para promover um desenvolvimento sustentável do ecossistema e consideramos que isso será possível através de uma atracção contínua de novos recursos. Coimbra é pioneira no empreendedorismo de base científica e alcançou já resultados notáveis. Acreditamos que, encontrando-se numa fase de avançada maturação,  é necessário continuar a atrair novos recursos, de fora da região, para perpetuar a expansão do ecossistema. Num mundo cada vez mais global e competitivo, o acesso a recursos fundamentais, como capital e talento, reveste-se de crescente dificuldade para os empreendedores e as start-ups fora das grandes metrópoles mundiais. Coimbra não deve pretender ser Silicon Valley, nem Londres, nem Berlim, nem sequer Lisboa. Deve competir globalmente com as cidades inovadoras de média dimensão.

 

Que papel a alphaCoimbra vai ter na persecução desse objectivo?

As melhores práticas mundiais indicam que os ecossistemas de inovação e empreendedorismo devem ser liderados pelos próprios empreendedores. A alphaCoimbra não pretende substituir-se a nenhuma instituição. A alphaCoimbra, sendo uma manifestação de cidadania activa e um movimento de base, pretende servir como um factor agregador de todos os intervenientes deste ecossistema, servir como a cola do ecossistema – para utilizar uma expressão mais simples. Isto deverá acontecer num clima de complementaridade absoluta entre a comunidade (as pessoas – os empreendedores) e as instituições que compõem este ecossistema. Acreditamos que tudo isto será possível com os valores básicos, pelos quais a comunidade se deve reger – inclusividade, integração e irreverência.