Se vive em Lisboa, Porto, Faro, Funchal ou Leiria, a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável tem um desafio para si: medir e avaliar o ruído ambiente em zonas críticas da sua cidade. A acção decorre amanhã, no penúltimo dia da Semana Europeia da Mobilidade e, para participar, só terá de usar um smartphone e a aplicação NoiseTube Mobile (gratuita para Android e iOS).

Feita a medição, o objectivo é que os cidadãos a possam comparar, ainda que de forma limitada, com os valores limite que estão em vigor e perceber se há ou não discrepâncias. O software proposto apresenta um erro de medição reduzido. Os valores medidas não podem ser usados para efeitos legais, mas apenas como indicativos com uma diferença que ronda os 2 e 3 dBA em relação a sonómetros certificados.

A Zero vai ter, também ela, elementos nas ruas a efectuar as medições, cujo registo será disponibilizado aqui.

Segundo a lei, o ruído ambiente, nas denominadas “zonas mistas”, não deverão ultrapassar 65 dBA durante o dia e os 55 dBA entre as 23 e as 7 horas da manhã. Em zonas de escolas, hospitais, jardins ou exclusivamente residenciais, que deveriam estar classificadas como “zonas sensíveis”, os níveis deverão ser 10 dBA abaixo dos verificados em “zonas mistas”. No entanto, muitos municípios não fizeram adequadamente esta classificação que seria mais exigente, alerta a associação.

“O ruído é um enorme problema ambiental na Europa e em Portugal, com inúmeras queixas dos cidadãos, quer devido ao tráfego rodoviário, ferroviário ou aéreo, quer devido a empresas ou eventos que perturbam fortemente o seu descanso, afectando a saúde”, explica a Associação Zero.

Um estudo europeu estima que cerca de 40 % da população da união Europeia esteja exposta ao tráfego rodoviário com níveis de ruído a exceder os 55 dBA. Anualmente, registam-se à volta de 10 mil casos de morte prematura devido ao ruído ambiente. A poluição sonora causa ainda cerca de 43 mil admissões hospitalares na Europa, todos os anos. No caso concreto português, a Zero sublinha o facto de que, num levantamento solicitado à Agência Portuguesa do Ambiente, em Março de 2016, 144 municípios no Continente não dispunham de mapas de ruído e apenas cinco estipularam medidas de redução. Também no que respeitava a mapas estratégicos de ruído de infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias e a planos de acção (para redução de ruído), o incumprimento da legislação era grave (ver aqui).